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quarta-feira, 2 de março de 2011

Uma lenda chamada Ryan Giggs


Quando o jovem e franzino Ryan Giggs substituiu o lesionado zagueiro Denis Irwin aos 35 minutos do segundo tempo do jogo contra o Everton no dia 2 de março de 1991 em Old Trafford, estava realizando um sonho. Apesar da derrota de 2 a 0 e da lembrança da bronca homérica que o time tomou no vestiário do técnico Alex Ferguson era um dia feliz para aquele galês de 17 anos que tinha atingido o primeiro dos seus objetivos. 

- No início eu queria apenas entrar no time principal e permanecer nele – disse Giggs, em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”. 

Giggs conseguiu muito mais do que isso. O Mr. Manchester completa hoje 20 anos de serviços prestados ao Manchester United. Neste período conquistou 32 títulos. Os mais importantes deles, os 11 campeonatos ingleses e as duas Ligas dos Campeões da Europa e os Mundiais de 1999 e 2008. 

Fez história erguendo taças e dinamitando recordes. O apelido citado no parágrafo anterior veio a partir do momento em que Giggs se tornou o jogador que mais vezes vestiu a camisa do clube superando figuras lendárias como Sir Bobby Charlton. Apesar da derrota de 2 a 1 para o Chelsea nesta terça-feira, quando entrou em campo Giggs igualou o recorde de jogos pelo Campeonato Inglês de Charlton com 606 partidas. Nos números gerais, o galês está muito na frente com 863 jogos. Número que ainda vai crescer porque recentemente o meia renovou seu contrato por mais uma temporada. Com 158 gols, Giggs é ainda o oitavo maior artilheiro da história do clube. Um feito para quem nunca foi artilheiro.


Outras marcas que Giggs pode ostentar: nunca foi expulso jogando pelo clube (e apenas uma vez na carreira levou o cartão vermelho, quando atuava pelo País de Gales), é o único jogador a marcar pelo menos um gol em 11 Ligas dos Campeões consecutivas e é o único jogador a marcar pelo menos um gol em todas as edições da Premier League (o Campeonato Inglês ganhou esse nome na temporada 1992-93). Este último recorde nunca mais será batido. 

E Giggs quer muito mais. 

- Você envelhece, mas o desejo (de conquistar títulos) continua. E a verdade é que você aproveita ainda mais (os momentos em campo) 

Nestes 20 anos, Giggs acumulou muitas glórias, mas também teve seus momentos ruins. Os dois piores ele conta que foram a perda do título inglês para o Leeds na sua primeira temporada completa atuando pelo clube e a derrota para o Barcelona na Liga dos Campeões de 2009. 

- Eu senti um profundo sentimento de vazio quando perdemos para o Leeds – disse Giggs, que depois lembrou do jogo contra o Barça. – Não conseguimos jogar. Isso foi o pior. Nós simplesmente não conseguimos jogar

Na mesma entrevista ao jornal inglês, o galês conta que dos 131 colegas de time que teve em duas décadas, dois foram especiais: Paul Scholes e Roy Keane. Sobre o primeiro, que ainda é seu colega de clube, Giggs disse que “nunca viu ninguém que faça o futebol ser tão fácil”. Quando falou de Keane, mais elogios. 

- Quando Bryan Robson estava em campo, você nunca pensava que iria perder. Mas ele foi embora. Roy pegou a camisa e a gente também se sentia invencível com ele ao redor.



Ao perceber que os primeiros fios de cabelos grisalhos já aparecem depois de tanto tempo dedicado ao Manchester United, Giggs reconhece que a aposentadoria é uma realidade cada vez mais presente. Por mais que ele tenha adiado o momento por pelo menos 15 meses, o meia sabe que a hora um dia chegará. Virar treinador é uma opção (será que ele pode substituir Ferguson, que também ensaia a aposentadoria há algum tempo?). Outra saída seria se tornar um embaixador dos Red Devils. 

- Não estava preocupado com isso há três ou quatro anos, mas agora estou. Estou me perguntando o que vou fazer. 

Independentemente do que aconteça até o fim da temporada, Giggs já fez o suficiente para ganhar uma estátua no lado vermelho de Manchester, por mais que ele não ligue muito para isso, e se orgulhar de sua carreira. 

- Vinte anos. É claro que estou orgulhoso. Você está falando de um jogador que chegou num clube de sucesso com 17 anos e permaneceu nele por 20 anos. Não é impossível, mas eu diria que é difícil que aconteça de novo.


(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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