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terça-feira, 8 de março de 2011

É sempre um prazer ver o Barcelona jogar

m raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Quantas vezes você ouviu isso na vida? Não sei se a frase é tipicamente brasileira ou um ditado mundialmente conhecido, mas talvez o técnico Arsene Wenger nunca a tenha escutado.
Isso porque a impressão que eu tive desde o primeiro minuto da partida no Camp Nou era de assistir a um jogo que sonhava em se repetir. De um lado, um Barcelona senhor absoluto da posse de bola e pressionando, pressionando, martelando, martelando em busca dos gols que precisava. Do outro um time valente, fechando, enclausurado na defesa com jogadores, comissão técnica, presidente, torcedores, todos literal ou metaforicamente se pondo a frente do bombardeio da armada catalã. Resistindo bravamente, perdendo soldados, mas sonhando que pelo menos um esteja de pé para bradar o grito de vitória.
Parênteses. Voltemos ao dia 28 de abril de 2010. Naquele dia, o Barcelona recebia a Inter de Milão no Camp Nou precisando vencer por dois gols de vantagem para descontar a derrota de 3 a 1 que sofrera no Giuseppe Meazza e se classificar para a decisão da Liga dos Campeões. O técnico José Mourinho monta um ferrolho de fazer inveja aos melhores estrategistas italianos. A Inter perde apenas de 1 a 0 e o português desfila triunfante apontando para uma torcida que vira seu time cair de tanto lutar. Vinte e três dias antes, o Barcelona, sempre favorito a todos os títulos, atropelara o Arsenal no mesmo estádio por 4 a 1 com um show de Messi.
Tudo isso pode ter passado pela cabeça de Wenger quando seus jogadores chegaram na Catalunha. O que será que ele discutiu com seu auxiliar no avião de Londres até Barcelona? Como parar Messi, Xavi e Iniesta, os três melhores jogadores do mundo apontados na últma eleição da Fifa?
O nome de Mourinho pode ter surgido no voo, numa conversa de restaurante, ter passado pela cabeça do francês na preleção. A tática era essa. Mas, sabe aquela história do raio?
Apesar da até plausível reclamação pela expulsão de Van Persie - para muitos foi injusta e rigorosa, mas para outros o árbitro Massimo Busacca apenas cumpriu burocraticamente o que está escrito na regra - não foi isso que foi decisivo para que o Arsenal deixasse o Camp Nou mais uma vez derrotado. O que contribuiu para a queda dos Gunners foi o futebol quase sempre brilhante do Barcelona e o próprio sumiço do Arsenal.
Foi quando Wenger, talvez pressionado pela derrota para o Birmingham na decisão da Copa da Liga Inglesa ou pelo tropeço diante do Sunderland no Campeonato Inglês que enfatizaram a fama de amarelão erguida nos seis anos sem título, fez o Arsenal tentar jogar como aquela Inter de Milão e não como o Arsenal que conseguira uma heroica vitória de virada no Emirates Stadium por 2 a 1. Defender não é a vocação do time inglês, cujo futebol sempre se apresentou muito mais parecido com o Bacelona do que com aquela Inter. E, convenhamos, Szczesny, Sagna, Djorou, Koscielny e Clichy podem até ser bons jogadores, mas não são Júlio César, Maicon, Lúcio, Samuel e Zanetti, o último paredão do ferrolho italiano da temporada passada.
Enquanto isso, o Barcelona tocava a bola, dominava o jogo. Teve na partida 69% de posse de bola e não deu uma única chance ao Arsenal de finalizar. O único gol cedido na vitória por 3 a 1 foi de Busquets, contra.
Na ausência de Piqué, suspenso, e Puyol, machucado, o volante formara com Abidal uma zaga improvisada. Ambos saíram consagrados (o francês ainda mais) porque o Arsenal abdicou do ataque.
Do outro lado, Iniesta, Xavi e Messi comandavam o espetáculo que começou com uma pincelada de Iniesta e foi concluída com a pintura completa de Messi que ainda teve tempo de dar um lençol em Almunia, que substituíra o lesionado Szczesny, para abrir o placar. Estamos com 48 minutos do primeiro tempo, mas em nenhum momento os 95.486 presentes no Camp Nou, segundo melhor público do Barça na temporada depois dos 98.255 do clássico contra o Real Madrid, mostravam preocupação.
Nem quando a bola não parecia querer entrar nos incontáveis gols perdidos por David Villa ou no chute de Adriano que esbarrara na trave. Nada. O Barcelona tocava a bola para cá, para lá. Invertia o jogo, entrava na área, saia, sempre buscando o melhor ângulo, o mais belo chute. Se para o ex-jogador Dadá Maravilha não existia gol feio, feio era não fazer gol, para o Barcelona não existe gol que não seja simplesmente belo.
Estamos no segundo tempo. Vinte e três minutos. Iniesta mostra mais uma vez porque é um jogador fantástico ao encontrar Xavi sozinho dentro da área. Um toque do craque na saída de Almunia e o Barcelona estava novamente na frente depois de ter sofrido o empate.
Naquela altura, Van Persie já tinha sido expulso, Wenger já reclamara, mas nada pode fazer quando Koscielny derrubou Pedro na área. Pênalti que Messi converteu em mais um gol na temporada. O seu 45º. Sem contar as 22 assistências do craque.
Partida decidida? Ainda não. Bendtner ainda teve a bola do jogo perto do fim, mas surgiu sabe-se lá de onde um herói improvável. Mascherano roubou a bola do dinamarquês e impediu que o Arsenal tivesse a chance do chute da classificação. Zero na estatística. Fim de jogo. Agora resta ao time inglês se voltar para a Premier League. O Barcelona segue no seu caminho para mais um desafio. Quem pode parar o time de Guardiola?
Barcelona: Victor Valdés, Daniel Alves, Busquets, Abidal e Adriano (Maxwell); Mascherano (Keita), Xavi e Iniesta; Pedro, Messi e David Villa (Afellay). Técnico: Guardiola.
Arsenal: Szczesny (Almunia), Sagna, Djourou, Koscielny e Clichy; Diaby, Wilshere, Nasri e Fábregas (Bendtner); Rosicky (Arshavin) e Van Persie. Técnico: Arsene Wenger.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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