O título europeu de Portugal foi de muitos heróis. Foi a taça de Cristiano Ronaldo, que tanto se dedicou para erguer um troféu por sua seleção. Foi do zagueiro Pepe, que fez um torneio (e uma temporada) irrepreensível. Do goleiro Rui Patrício, que fez defesas importantes na final contra a França. E do atacante Éder, o autor do gol do título que deu a Portugal o inédito troféu.
A história de Éder é digna de um filme. Nascido em Guiné-Bissau, na África, o atacante do Lille imigrou para Portugal ainda na infância, mas seu drama estava apenas começando.
Em terras portuguesas, Éderzito, como foi batizado teve que se separar dos pais, que não tinham condições de criá-lo. Foi levado para um orfanato nos arredores de Coimbra onde cresceu e começou a jogar futebol. Do orfanato, onde quebrou algumas vidraças durante as brincadeiras com a bola, foi levado por um professor para fazer um teste na Adémia, clube amador da cidade. Lá deu seus primeiros passos no futebol. Defendeu o clube de 1999 a 2006, dos 11 aos 18 anos.
- Foi difícil de aceitar (a vida no orfanato). Depois de um tempo na instituição, comecei a me adaptar e vi que aquilo era o melhor para mim - lembrou Éder em uma entrevista de 2013.
A partir daí, começou a crescer no futebol. Passou pelo FC Oliveira Hospital, da terceira divisão portuguesa, e logo depois foi para o Tourizense, da segunda divisão. Com 21 anos, em 2008, foi para o Académica, de Coimbra.
Foram quatro temporadas por lá até ir para o Braga, onde foi campeão da Taça de Portugal em 2013 em uma decisão contra o Porto. Foi o seu melhor momento no futebol. Em três temporadas no futebol, ele marcou 33 gols em 82 jogos. Foi também nesta época que foi convocado pela primeira vez para a seleção portuguesa.
Mas sua trajetória na seleção sempre foi errática. Cercado de críticas, foi reserva na Copa de 2014 e só marcaria o seu primeiro gol em um jogo oficial com a camisa lusa justamente na prorrogação do jogo contra a França.
- Desde o primeiro dia em que Fernando Santos me convocou, venho trabalhando para dar tudo e estou muito contente pelo que fizemos. Sabia que a minha oportunidade iria chegar. Estava muito confiante - disse.
- Por todo o trabalho que fizemos, por todos os portugueses. Foi fantástico. É bem merecido.
SUCESSO NO BRAGA
Depois de sua passagem pelo Braga, Éder foi vendido ao Swansea, mas teve uma passagem apagada pelo clube galês. Quinze jogos e nenhum gol. Seu recomeçou foi na última temporada, quando marcou seis gols em 14 jogos pelo Lille. Por isso acabou convocado para a Eurocopa, apesar das críticas. Mas foi decisivo, fazendo a alegria da sua família e de milhões de portugueses.
- Fiquei contente e é um grande orgulho para mim - disse a avó de Éder, Ricardina, em entrevista ao jornal "Record", de Portugal.
Ricardina e parte da família de Éder ainda vivem em Guiné-Bissau. Todos comemoraram a conquista com o gol do atacante nascido na capital do país. Foi ela que criou o menino Éder enquanto os país procuravam uma vida melhor no exterior.
- Corria com ele neste corredor. Depois ele foi, eu fiquei - recorda a prima, Dírcia Lopes, emocionada com a conquista portuguesa.
Agora Éder aguarda o futuro. Emprestado ao Lille, ele está no centro dos holofotes e tem o destino em aberto. Embora tenha contrato com o clube francês.
- Estou muito contente. Agora é desfrutar das férias - encerrou.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)