Quem acompanha o futebol italiano pelo menos desde os anos 90 vai se lembrar deste nome: Giuseppe Signori. Ex-atacante de Foggia, Lazio, Sampdoria e Bologna, Signori foi três vezes artilheiro do Calcio em 1993, 1994 e 1996 e fez parte da seleção italiana vice-campeã mundial na Copa dos Estados Unidos. Teve uma carreira com um certo sucesso, portanto.
Só que nesta quarta-feira, o hoje ex-jogador de 43 anos foi envolvido no mais novo escândalo de manipulação de resultados do futebol italiano. Signori foi colocado em prisão domiciliar nesta quarta, mesmo dia em que outras 15 pessoas foram presas, todos acusados de integrar um rede de fraude de apostas em jogos de futebol. Segundo a polícia informou à imprensa italiana, os envolvidos participaram de manipulação de resultados de jogos da segunda divisão e de outras divisões inferiores do futebol italiano para faturarem com apostas.
Entre os presos também estão Vittorio Micolucci e Vincenzo Sommese, jogadores do Ascoli, da Série B, Cristiano Doni, da Atalanta, e os ex-jogadores da Fiorentina Mauro Bressan, do Bari Antonio Bellavista e da Sampdoria Stefano Bettarini. Também há entre os detidos na operação donos de agências de apostas.
De acordo com o chefe da polícia de Cremona, Sérgio Lo Presti, há indícios também de que os presos teriam participado de um episódio de intoxicação de vários jogadores da Cremonese antes de uma partida no final do ano passado para que pudessem garantir o resultado que desejavam no mercado de apostas.
- Alguns dos suspeitos participaram de uma tentativa de adulteração de bebidas para comprometer o desempenho da Cremonese. Os jogadores e ex-jogadores profissionais presos faziam parte de uma organização criminosa real - disse Lo Presti.
- Cada um tinha tarefas e papéis específicos. O objetivo era manipular os jogos para a sua vantagem. Os suspeitos, de acordo com a investigação, também seria capazes de influenciar em algumas partidas através de acordos verbais e compromissos de caráter financeiro. No que diz respeito aos 16 presos, há evidências de "importante e convincente" (na tarefa de manipular os jogos) - completou.
No caso de Signori, as acusações são pesadas, segundo informou a "Gazzetta dello Sport". De acordo com Guido Salvini, juiz de Cremona que investiga o caso, o ex-atacante "é o líder indiscutível (da organização) por razões de prestígio pessoal do grupo de Bolonha. Seu nome não deve ser pronunciado ou deve ser pronunciado com cautela. Se prefere falar de Peppe como o jogador que marcou 200 gols na Série A". O juiz diz ainda que Signori participou com outras pessoas de uma série de apostas e manipulação de resultados, em especial uma partida entre Inter e Lecce, na Série A, em que ele teria ganho 150 mil euros.
Signori não deu entrevistas e afirmou que seu advogado falaria por ele. Logo depois, Silvio Caroli, advogado do ex-atacante, disse que ele "tem apenas o azar de conhecer dois envolvidos" e que "a investigação não revelou nenhuma evidência que pudesse justificar o envolvimento" do ex-atacante.
Segundo a investigação, a manipulação de resultados atingiu jogos da Atalanta e do Siena também, e, de acordo com o juiz Salvini, as duas equipes recém-promovidas para a Série A "estão envolvidas". Doni é suspeito de ter colaborado com a organização criminosa para negociar que a partida entre Atalanta e Piacenza, disputada no dia 19 de março, terminasse com vitória da Atalanta por pelo menos três gols de vantagem. O jogo terminou 3 a 0.
Giorgio Perinetti, diretor esportivo do Siena, disse que seu clube também foi acusado de participar de manipulação de resultados no Calciopoli (outro escândalo desvendado em 2006 que levou a Juventus a ter os títulos de 2005 e 2006 cassados e ser rebaixada), mas depois ficou provado que seu clube não teve culpa de nada.
- Somos um clube que tenta fazer as coisas direito. Parece improvável que possamos estar envolvidos em algo assim - afirmou.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)