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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Itália fora da Copa: o vexame é azul

Parafraseando o cineasta polonês Krzysztof Kieślowski, diretor da Trilogia das Cores, o vexame é azul nesta Copa do Mundo da África do Sul. Depois da vergonhosa eliminação da França, nesta quinta-feira foi a vez da Itália, atual campeã do mundo e tetracampeã do torneio, ser despachada ainda na primeira fase do Mundial. E foi de uma forma absolutamente humilhante para os italianos.
O time de Marcello Lippi não conseguiu vencer um único jogo na primeira fase e terminou em último lugar no seu grupo que era um dos mais fracos da Copa. Ao ser derrotada pela Eslováquia, estreante em Copas, por 3 a 2, os italianos conseguiram ficar atrás da Nova Zelândia, cuja história no torneio é infinitamente inferior à da atual campeã.
Para piorar, a Itália, que sempre ficou conhecida por ter uma excelente defesa, perdeu nesta Copa para a Suíça o recorde de minutos sem tomar gol e se despediu do torneio sofrendo cinco gols, média de 1,66 por partida. E em pelo menos três deles, o capitão Cannavaro falhou.
O vexame italiano se cruza com o do francês e inscreve nesta Copa um dado histórico: pela primeira vez o campeão e o vice de um Mundial chegam para disputar o torneio seguinte e são eliminados na primeira fase.
Foi ainda a quarta vez que um campeão foi eliminado na primeira fase da Copa seguinte. Antes, apenas a própria Itália (1950), o Brasil (1966) e a França (2002) tinham conseguido tal feito. E esta foi a sexta vez que os italianos caíram na primeira fase. Mas isso não acontecia desde 1974, na Alemanha.
São muitos números negativos para Lippi carregar nas costas. Campeão em 2006, o técnico deixara a Itália após o título, mas o fracasso de Roberto Donadoni fez a Federação Italiana chamá-lo de volta há dois anos. A Itália se classificou para a Copa num grupo fácil em que tinha Chipre, Montenegro, Bulgária, Georgia e Irlanda. Mesmo assim, sofreu a ponto de trocar de técnico. (Leia mais: A crônica da ópera desafinada)
Mas na hora da convocação final, Lippi foi até mais polêmico do que Dunga. Se a maioria dos torcedores brasileiros lamentou as ausências de Ronaldinho Gaúcho, Ganso e Neymar, o italiano praticamente se descabelou ao ver que Cassano, Totti e Del Piero, por exemplo, estavam fora. E na hora de diminuir a lista de 30 para 23 jogadores, o técnico ainda cortou Grosso, autor do gol de pênalti que deu o título de 2006.
Sem contar Luca Toni, que parece ter feito mais falta do que se pensava. Sem o centroavante, a Itália teve uma dificuldade enorme para fazer gols. E o melhor deles, Di Natale, da Udinese, passou muito mais tempo no banco do que em campo. Só foi titular no terceiro jogo, quando era preciso de qualquer jeito a vitória.
Lippi justificou sua convocação dizendo que não tinha um fenômeno. Do contrário convocaria. Mas jogadores melhores ele tinha.
Sem poder de fogo no ataque, com uma defesa frágil que ainda perdeu o goleiro Buffon, um dos melhores do mundo, por causa de uma hérnia de disco, convocações equivocadas e uma equipe envelhecida, a Itália de Lippi naufragou muito antes da hora.
Assim como Raymond Domenech na França, Lippi chegou na África do Sul já demissionário. Já estava certo que o técnico da Fiorentina, Cesare Prandelli, assumiria a seleção depois da Copa. Assim como Laurent Blanc, novo técnico da França, Prandelli terá que juntar os cacos de uma equipe que fez uma pífia campanha na África do Sul.
Mas nem tudo está vermelho entre os azuis. Ainda restam na Copa Uruguai, Argentina e o... Japão, que surgiu surpreendentemente no final do filme como naquelas reviravoltas que alguns roteiros dão e sonha em aprontar na Copa do Mundo.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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