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domingo, 6 de novembro de 2011

Sir Alex Ferguson: 25 anos de Manchester United

No dia 6 de novembro de 1986, Alexander Chapman Ferguson, 45 anos, era apresentado como novo técnico do Manchester United. O time ocupava a 19ª colocação do então Campeonato Inglês (não existia a Premier League), torneio que era liderado pelo Nottingham Forest. Ferguson substituía Ron Atkinson, técnico que ficara por cinco anos no clube e conquistara poucos títulos. Repetir este período de trabalho, mas com resultados mais favoráveis era uma ambição natural para o treinador que tinha no currículo 10 títulos pelo Aberdeen, da Escócia.
Quando chegou em Old Trafford, o Manchester United tinha apenas sete títulos ingleses e uma Copa dos Campeões da Europa (ainda não existia a Liga dos Campeões como a conhecemos hoje) conquistada em 1968 pelo time comandado por Matt Busby que tinha Bobby Charlton como a principal estrela.
Os cinco anos de trabalho que qualquer treinador sonharia em ter foram pouco para Ferguson conquistar o seu primeiro título inglês. Se a primeira conquista veio apenas na quarta temporada, o primeiro Campeonato Inglês só foi conquistado depois de sete anos. Era o marco inicial de uma trajetória vitoriosa que completa hoje 25 anos.
Nas mãos do técnico que virou Sir em 1999, o Manchester United se agigantou ainda mais. Conquistou 12 títulos ingleses contra apenas três do seu maior rival, o Liverpool, o que o fez virar o jogo sobre os Reds e hoje ser o maior conquistador de taças da Inglaterra (19 contra 18). Fez mais. O Manchester de Ferguson foi bicampeão europeu. A primeira vitória foi em 1999, numa emocionante final no Camp Nou contra o Bayern de Munique decidida com um gol de Teddy Sheringham e outro de Solskjaer nos acréscimos. Foi a famosa final que coroou a “geração de 92”, aquela dos que começavam a jogar no início da década com Ferguson, como Paul Scholes, David Beckham, Gary Neville e Ryan Giggs, e fez o treinador exclamar para as TVs após a vitória heróica: “I can’t believe it. I can’t believe it. Football. Bloody hell!”
Levaria nove anos para o United ser novamente campeão europeu. Dessa vez o comandante da equipe que ainda tinha Scholes e Giggs, era o jovem craque português Cristiano Ronaldo. Nesse período, o time ainda foi duas vezes vice-campeão europeu perdendo ambas as finais para o Barcelona.
Nas mãos de Ferguson, o United se tornou um gigante ainda maior do que já era. O time virou o jogo no futebol inglês para ser um dos grandes protagonistas da liga. E Ferguson viu do banco o futebol inglês mudar muito. O jogo ficou mais veloz, mais bonito. Os estádios melhoraram. A liga cresceu e se tornou a principal e mais lucrativa do planeta. Dos 22 participantes do Campeonato Inglês de 1986, 11 nem estão mais na primeira divisão e dois (Norwich e Queens Park Rangers) acabaram de voltar para a elite.
A título de curiosidade, United, Chelsea, Manchester City e Newcastle ocupavam as quatro últimas posições. Hoje, eles ocupam as quatro primeiras com o City liderando o campeonato. Uma prova de como o futebol mudou em 25 anos. 
Os times mudaram, os jogadores mudaram. Até os donos do United mudaram. O único que permaneceu nos últimos 25 anos no seu banco, mascando o tradicional chiclete e com cara de poucos amigos, mas sempre atencioso com os fãs no estádio, foi Ferguson, testemunha e protagonista da história do futebol inglês e do Manchester United, cujo comando ele define como um conto de fadas.
- Tem sido um período realmente fantástico para mim. É algo que você não acha que vai acontecer. Tem sido um pouco um conto de fadas que tem durado tanto tempo. E eu aprecio isso – disse o treinador ao site oficial do clube.
Em 25 anos, Ferguson falou duas vezes em aposentadoria. A primeira em 2002. A outra, há alguns anos quando disse que não se via mais na função de técnico quando completasse 70 anos, idade que atingirá em 2012. Mas isso já foi esquecido, e o todo poderoso Sir Alex nem toca mais no assunto. Quer viver intensamente até onde puder o seu querido Manchester United.
- Vou continuar até quando eu me sentir saudável para isso. No gerenciamento do time, as coisas mudam conforme os anos vão passando. Agora é diferente de sete ou oito anos atrás. Muitas coisas mudaram – disse Ferguson, que afirma ser um treinador de sorte.
- Eu tenho tido muita sorte de ter comandado alguns dos melhores jogadores. É incrível olhar para trás e ver Bryan Robson, Normand Whiteside, Brian McClair, Mark Hughes, Paul Ince, Roy Keane, Eric Cantona. Que coleção de fantásticos jogadores – lembrou o treinador, que já teve que enfrentar nomes como Hughes, Ince e Keane como técnicos de outras equipes. 
O mais recente foi Steve Bruce, ex-capitão do seu time e que comandou o derrotado Sunderland na rodada deste sábado da Premier League. Antes da vitória dos Red Devils em Old Trafford por 1 a 0, Ferguson foi homenageado com uma placa e os aplausos do públicos e dos dois times na sua entrada em campo. Os torcedores também estenderam uma faixa com a frase: “Sonho impossível. Sir Alex Ferguson tornou possível”. Uma arquibancada do Old Trafford também passará a se chamar Alex Ferguson.
Entre os fantásticos jogadores que Ferguson teve e ainda tem no seu time está Ryan Giggs. O Mr. Manchester, 37 anos, desde 1990 no clube, tem muito a dizer sobre o treinador.
- O melhor conselho que ele me deu? Trabalhe duro. Você pode ter todas as qualidades do mundo, mas trabalhar duro é a chave para tudo. Ele viu um sem número de grandes jogadores ir e vir do United ao longo dos anos, mas o que diferencia os grandes do resto é a sua ética de trabalho. E ele é um exemplo de liderança. É sempre o primeiro a chegar no campo de treino e o último a sair. E quer ver esse tipo de mentalidade nos seus jogadores. Ele apenas ama o seu trabalho. Ama ver o United jogar, o desenvolvimento dos jogadores. Ele ama tudo no seu trabalho – afirma Giggs, que conquistou 33 títulos e é recordista de jogos pelo Manchester United (885).
- É o melhor de todos. É impossível encontrar outro como ele. É um gênio e tem o mérito de promover jovens jogadores e lhes dar uma oportunidade – completa Bobby Charlton, em entrevista no início do mês passado.
Se você duvida de Charlton, os números estão aí para comprovar. Ferguson é o técnico mais vencedor da história do futebol inglês (e um dos maiores vencedores da história do futebol). São 37 títulos, sendo os mais importantes os 12 Campeonatos Ingleses, as duas Ligas dos Campeões e os dois Mundiais Interclubes.
Ele é ainda o técnico que está há mais tempo comandando o Manchester United. Em dezembro do ano passado, Ferguson ultrapassou o lendário Matt Busby. E na história do futebol inglês apenas 13 técnicos são mais longevos do que ele. Todos do início do século passado. São 1.410 partidas com 837 vitórias, 326 empates e 247 derrotas. Seus times marcaram 2580 gols e sofreram 1.262.
Sob o seu comando, atletas até então desconhecidos se tornaram craques e nomes de destaque. Giggs era um jovem galês talentoso que ele foi buscar na base do rival Manchester City. Cantona estava ali dando sopa no Leeds e virou King para os torcedores. Roy Keane um jovem promissor do Nottingham Forest que virou capitão. Van Nistelrooy era um artilheiro do PSV que virou ídolo do clube. Com Cristiano Ronaldo, bastou apenas observá-lo em um jogo pelo Sporting para deseja-lo contratar logo. Virou o melhor jogador do mundo em Old Trafford. Já o goleiro Van der Sar parecia acabado para o futebol e jogando seus últimos momentos no Fulham. Ferguson apostou nele aos 35 anos. O holandês jogou seis temporadas no United e se despediu como herói de um título europeu e deixando saudades. 
E há muitos outros exemplos de apostas acertadas de Ferguson. É claro que ele cometeu erros, mas os quase 40 títulos compensam uma ou outra contratação equivocada.
É por isso que hoje Ferguson merece todas as homenagens. Enquanto isso, os seus rivais esperam por sua aposentadoria para terem espaço para ganharem mais alguns títulos no futebol inglês que hoje é dominado por esse incansável escocês que está muito longe de pendurar o paletó do United.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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