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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Domenech e suas manias


Quando a França entrar em campo daqui a uma semana para enfrentar a Romênia na sua estréia na Eurocopa todos os jogadores em campo e no banco terão uma característica em comum. Nenhum deles nasceu entre 23 de outubro e 21 de novembro.
 
E daí? Bem, se cada técnico tem suas manias (seja na escolha de jogadores ou nas superstições), Raymond Domenech é o campeão deles. Apaixonado por astrologia, o treinador que conseguiu levar a França ao vice-campeonato da última Copa do Mundo, não convoca nem sob tortura chinesa um jogador que seja do signo de escorpião.
 
Foi por culpa, digamos, dos astros, que Robert Pires viu a Copa da Alemanha pela televisão. Embora tenha feito uma grande temporada pelo Arsenal, o meia foi preterido pelo volante Dhorasso (Quem?). Como a França surpreendeu e chegou à decisão contra a Itália, a ausência de Pires acabou não sendo muito lamentada e as manias do técnico entraram para o folclore do futebol. Mas ele abusou da sorte.

Domenech, que nunca negou gostar também de tarô e já admitiu ler cartas para ter indicações da personalidade dos atletas, argumenta que um jogador do signo de escorpião é “ruim” para o grupo e já disse em entrevistas que não confia nestes atletas. Há seis anos, quando ainda treinava a equipe sub-21 da França, o técnico foi perguntado por que não convocava jogadores de escorpião. Na época, ele era até mais flexível e evitava chamar mais de um atleta. E justificou:
- Escorpiões sempre terminam matando uns aos outros.
Veja só. Ainda bem que o técnico francês nunca treinou os times de Brasil, Argentina ou Holanda no passado. Vocês conseguem imaginar o Brasil entrando em campo nas Copas de 58, 62 e 70 sem Pelé e/ou Garrincha? A Argentina teria conquistado a Copa de 86 sem Maradona? E a Holanda? Teria faturado a Euro de 1988 sem Van Basten? São todos do signo de escorpião. Ou seja, Domenech realmente é um treinador iluminado. Nasceu no lugar e na hora certa e jamais enfrentou tais dilemas que colocariam sua astrologia numa sinuca de bico.
As manias do técnico não param por aí. O francês também evita convocar atletas leoninos que joguem na defesa. Por quê? Diz aí Domenech:
- Leoninos são sempre um problema porque cedo ou tarde eles vão tentar alguma coisa idiota (dentro do campo). Quando eu tenho um leonino na defesa, mantenho o meu rifle engatilhado.
No atual grupo francês há dois defensores que nasceram sob o signo de Leão. Os zagueiros William Gallas e Sébastien Squillaci. Você pode ter certeza que eles jamais jogarão juntos na Euro.
Uma historinha para fechar. Em 2005, antes de um amistoso contra a Costa Rica na Martinica, Domenech se recusou a dizer até o último instante qual seria o goleiro titular. No dia anterior ao jogo, ele disse que estava tendo um pressentimento ruim, “consultou as estrelas e sentiu que não era o momento ideal”. Em cima da hora escalou Fabien Barthez ao invés de Gregory Coupet.
Como se o destino tivesse pregando uma peça, os costarriquenhos abriram 2 a 0. Anelka e Cissé ainda conseguiram empatar. Mas quem salvou a pele do treinador não foram os astros e sim um astro. Em grande noite, Thierry Henry acabou fazendo o gol da virada.
Na Euro deste ano, porém, Domenech não poderá abusar. Sem Zidane, que se aposentou após o Mundial, a França está na conta do chá e o técnico confia em Ribery, que fez uma grande temporada jogando pelo Bayern de Munique (e não é de escorpião, pois nasceu no dia 1º de abril), para levar a equipe ao bicampeonato da Eurocopa. A tarefa, contudo, não será fácil, pois os "Bleus" terão logo de cara o grupo da morte formado por Holanda, Itália e Romênia. O que será que dizem os astros sobre o futuro da França?
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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