Chelsea e Liverpool protagonizaram nesta segunda-feira um emocionante último dia de janela de transferências de inverno na Europa que resultou num gasto total de quase 150 milhões de libras (R$ 402,6 milhões). A principal negociação da janela foi a transferência do atacante Fernando Torres para o Chelsea, um dos rivais do Liverpool, pela bagatela de 50 milhões de libras (R$ 134,2 milhões).
O volume de dinheiro gasto pelo russo Roman Abramovich para tirar Torres de Anfield Road é um recorde na história em transferências entre clubes da Inglaterra. Recorde que foi quebrado horas depois de o próprio Liverpool ter estabelecido uma nova marca ao contratar o atacante Andy Carroll, do Newcastle, por 35 milhões de libras (R$ 93,9 milhões).
Até então, o recorde pertencia ao Manchester United, que em 2002 pagou 29,1 milhões de libras (R$ 78,1 milhões em valores de hoje) para tirar o zagueiro Rio Ferdinand do Leeds. Ferdinand, aliás, que em seu Twitter criticou duramente durante o dia as loucas transações do mercado inglês, certamente o mais aquecido deste último dia de janela. Enquanto outras praças faziam as tradicionais contratações pontuais de inverno, na Inglaterra parecia queima de estoque. Mas com altíssimos valores. E Ferdinand não se cansou de dizer que os clubes estavam loucos com os valores estipulados nas transações.
Além de ser a maior negociação entre clubes ingleses, a ida de Torres para o Chelsea é a sexta maior negociação da história do futebol. Convertendo os valores de sua transferência para euros (58 milhões), o espanhol só fica atrás de Cristiano Ronaldo (96 milhões de euros na ida do Manchester United para o Real Madrid), Ibrahimovic (87 milhões da Inter de Milão para o Barcelona), Zidane (72 milhões da Juventus para o Real Madrid), Kaká (67 milhões do Milan para o Real Madrid) e Figo (60 milhões do Barcelona para o Real Madrid).
Completam a lista das dez maiores negociações do futebol mundial Crespo (57 milhões do Parma para a Lazio), Buffon (54 milhões do Parma para a Juventus), Mendieta (48 milhões do Valencia para a Lazio) e Veron (48 milhões da Lazio para o Manchester United).
Torres, de 26 anos, assinou cinco anos e meio de contrato com os Blues, que vai lhe pagar 175 mil libras por semana (coisa de R$ 469,7 mil). O espanhol não deve estrear já no fim de semana quando, que ironia, o Chelsea enfrenta justamente o Liverpool em Londres pelo Campeonato Inglês. Os Reds teriam exigido uma cláusula na transferência que impedisse Torres de jogar. Realmente seria muito doloroso para os torcedores que já queimavam camisas de Torres na terra dos Beatles em protesto contra a "traição" do artilheiro que em três anos e meio de Liverpool marcou 81 gols em 141 partidas e não conseguiu conquistar nenhum título.
- É um sonho de todo grande jogador atuar por um grande clube. Estou muito feliz e orgulhoso de estar aqui - disse Torres, nas suas primeiras palavras como jogador do Chelsea.
O novo camisa nove dos Reds agora é Carroll. Um dos destaques da temporada da Premier League, o jovem inglês (22 anos) com sobrenome de escritor famoso já marcou 11 gols neste campeonato (é o terceiro artilheiro atrás de Berbatov (19) e Tevez (14) e pode vir a fazer uma boa dupla de ataque com o uruguaio Luís Suárez, aprovado nesta segunda-feira nos exames em Merseyside. Pelo uruguaio, os Reds pagaram 22,8 milhões de libras (R$ 61,2 milhões).
John Henry, o novo dono do Liverpool, ainda tentou levar o meio-campo Charlie Adam, do Blackpool, mas o negócio não foi fechado. Melhor sorte teve Abramovich, que tirou o zagueiro brasileiro David Luiz do Benfica por 26,5 milhões de libras (R$ 71,1 milhões).
A saída de Torres já era esperada depois que na sexta-feira, mesmo com o clube tendo recusado a oferta de 46 milhões de euros (R$ 105 milhões) do Chelsea, o atacante começou a forçar sua saída de Anfield Road e pediu para ouvir a proposta do Chelsea. Foi quando nesta segunda o Liverpool tratou de buscar uma compra e venda casada. Ao mesmo tempo em que negociava com os Blues, tentava fechar com o Newcastle por Carroll. O clube de St. James Park chegou a recusar uma proposta, mas acabou fechando com os Reds. Era um sinal de que Torres estava mesmo deixando o clube.
O próprio Kenny Dalglish, lendário ídolo e hoje treinador do Liverpool, já dava como sacramentada a saída dizendo que as movimentações de mercado são naturais e que ele nunca teria chegado em Anfield Road se ficasse eternamente no Celtic, onde iniciou a carreira. Fora o discurso no estilo "o que vale é o nome na frente e não o das costas da camisa" de ídolos, torcedores e jornalistas já dando como certa a "derrota" nas negociações.
Aos torcedores, se existe alguma forma de consolo, basta lembrar a igualmente traumática saída de Michael Owen do clube. Então a maior promessa do futebol inglês, ele deixou o Liverpool em 2004 rumo ao Real Madrid e todos pensaram que o clube estava acabada. Foi quando um tal de Steven Gerrard assumiu o comando do time e ajudou o clube a levantar o título europeu em 2005.
Quem sabe o trio Carroll-Suárez-Gerrard não ajuda a criar uma nova era em Anfield Road?
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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