Ruud Gullit sempre foi um daqueles jogadores politizados, mas dessa vez ele garante que não tem culpa de nada. Explicamos. No dia 18 de janeiro, o ex-jogador holandês aceitou comandar o Terek Grozny, pequeno clube que disputa a primeira divisão da Rússia. Até aí, nada demais. O problema é que o dono do clube é Ramzan Kadyrov, presidente da Chechenia, região que tenta se separar dos russos, e filho do ex-presidente checheno Akhmad Kadyrov, assassinado em 2004.
A assinatura de contrato de Gullit foi interpretada como um possível apoio político do holandês. Nada a ver, como garantiu o próprio Gullit, que ainda comparou a sua atual situação com as críticas que a Holanda sofreu por ter participado da Copa do Mundo de 1978, na Argentina então comandada por uma ditadura.
- Também falaram muita coisa em 1978, mas a Holanda foi lá apenas pelo esporte. Agora é a mesma coisa. Não estou indo para me ocupar com política. Estou concentrado no esporte e em levar algum prazer para as pessoas que vivem lá - disse o hoje treinador de 48 anos.
Ex-líder radical separatista, Kadyrov é visto pelo Kremlin como um dos líderes importantes para a manutenção da paz na Chechenia uma década depois das guerras na região. No entanto, ativistas de direitos humanos dizem que ele está no centro de um retorno do radicalismo islâmico que tem levado a uma violenta repressão aos opositores.
Gullit, porém, acredita que sua chegada ao Grozny fará com que as pessoas observem com mais atenção a região.
- Isso pode causar um efeito positivo. Tenho um garoto no time que tinha dificuldades para sorrir. O clube me contou que isso acontece porque ele viveu dez anos em bunkers durante a guerra. Eu fiz o garoto sorrir dando-lhe um elogio. Acho que foi legal e isso é o outro lado dessa questão.
Política a parte, o Terek é o primeiro clube de Gullit desde 2008, quando ele deixou o comando do Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos. E Gullit terá muito trabalho, pois o time terminou o último Campeonato Russo em 12º lugar. O holandês assinou um contrato de 18 meses.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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