Nesta segunda-feira, Planeta que Rola pega carona nas comemorações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim e aproveita a efeméride para falar sobre uma equipe que brilhou intensamente na Alemanha Oriental e hoje está praticamente no ostracismo. Nosso desconhecido desta semana é o Berliner FC Dynamo, maior campeão da história da antiga RDA, a República Democrática Alemã.
Com dez títulos em sequência entre os anos de 1979 e 1988, o Berliner FC Dynamo reinou absoluto justamente na fase final da existência da Alemanha Oriental. Um reinado que, porém, foi manchado por denúncias de manipulação de resultados.
Neste período, o clube foi comandado por Erich Mielke, ministro do Interior e chefão da Stasi, o temido serviço secreto da RDA, cujas ações foram tão bem descritas no filme “A Vida dos Outros” do diretor Florian von Donnersmarck. Mielke usou de vários meios para manter o seu domínio no campeonato e armar partidas. Entre outras práticas pouco esportivas, ele tinha em suas mãos árbitros que manipulavam jogos e exigia transferências de jogadores entre clubes que sempre favoreciam o seu time.
A coisa era tão descarada que acabou causando um mal estar dentro do governo da RDA. Isso porque a população de Berlim Oriental chegou a protestar contra a manipulação de resultados. E nós sabemos o quão perigoso isso poderia ser naquela época na região. O campeonato encerrado em 1986 foi o mais marcante. Naquele ano o Dynamo empatou em 1 a 1 com o Lokomitiv Leipzig conquistando seu oitavo título sob muitos protestos de armação de resultados. Mas é claro que tudo acabou em chucrute (tratando-se de Alemanha, não podia ser pizza) e só o árbitro Bernd Stumpf foi punido.
Fundado em 1953, o Berliner, claro, não nasceu com este nome. Do contrário não seria um legítimo desconhecido. Chamado inicialmente de Dynamo Berlin, ganhou o nome de Sport Club Dynamo Berlin logo no ano seguinte após um 14º lugar no campeonato. Até então, o Dynamo fazia parte da Sportvereinigung Dynamo, uma organização dos órgãos de segurança da RDA com vários clubes que treinavam atletas para diversas modalidades. O Dynamo, por exemplo, era especializado em esportes olímpicos.
Em janeiro de 1966, o Dynamo foi refundado como BFC Dynamo Berlin e teve o seu departamento de futebol separado do resto do clube. Então na segunda divisão, o time logo retornou para a Série A já com Mielke no comando. Só não sabemos em que condições foi esse retorno. Imaginamos que foi feito de tudo. Na década seguinte, a equipe começaria a enfileirar um título atrás do outro.
Após a reunificação alemã, o Dynamo passou por dificuldades financeiras e caiu no ostracismo. Curiosamente, quando Mielke já estava preso e a Stasi extinta. Nomeado como FC Berlin e sem o poder do seu antigo presidente, o time foi despencando pelas tabelas caindo para a terceira e em seguida para a quarta e a quinta divisão. Na temporada 2001-02, o time faliu.
Mas aos poucos conseguiu se reerguer e em 2004 venceu a Verbandsliga Berlin, que vem a ser uma liga regional da capital que faz parte da sexta divisão alemã. Hoje o Berliner FC Dynamo disputa a quinta divisão alemã, a Oberliga Nordost-Nord.
O Berliner tem dois apelidos: “Vinhos Tintos”, alusão à cor do seu uniforme, ou “Hohenschönhauseners”, uma referência a Hohenschönhausen, distrito de Berlin onde o clube se encontra. Em casa, o time joga no Dynamo-Sportforum, estádio fundado em 1970 e que tem capacidade para 12.400 torcedores. Muitos deles sonhando em voltar a ver o time repetir os dias de glória do passado. Mas dessa vez com resultados legitimamente conquistados dentro do campo.
Por hoje é só pessoal. Se você quiser conhecer mais sobre o Berliner FC Dynamo e estiver com o seu alemão afiado, basta clicar aqui para conhecer o site oficial do clube.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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