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sábado, 28 de novembro de 2009

Barcelona x Real Madrid: mais que um clássico

Neste domingo Barcelona Real Madrid entram no Camp Nou para escrever mais uma capítulo de uma das maiores rivalidades do futebol mundial. Mais do que um clássico, o embate entre os dois maiores clubes da Espanha é um duelo que extrapola os gramados com a rivalidade entre a Catalunha e Castela, região onde fica Madri e a sede do governo espanhol.
Desde o início dessa disputa há 107 anos, os clubes são vistos como representantes das duas regiões cuja rivalidade só aumentou durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), quando todas as culturas regionais foram reprimidas, incluíndo as línguas diferentes do espanhol como o catalão. A língua catalã acabou se tornando um símbolo para aqueles que desejavam a liberdade e o apoio ao Barcelona era a maneira um pouco mais segura de expressar a dissidência naquela época de repressão. Já o Real Madrid sempre foi visto como o clube ligado ao poder e a personificação da soberania opressora do regime de Franco, embora membros do clube como Josep Sanchez também tenham sofrido nas mãos de partidários de Franco.
Mas é inegável que o Barcelona sofreu muito mais durante a ditadura franquista. Esportivamente, durante os 36 anos da ditadura franquista, a equipe conquistou, por exemplo, apenas oito campeonatos e nenhuma Copa dos Campeões enquanto o Real Madrid faturou 14 taças e mais seis Copas dos Campeões da Europa. Isso sem contar os cinco títulos espanhóis do Atlético de Madrid, o outro clube grande da capital.
O Barcelona é um patrimônio catalão. Quem visita o clube vê logo na porta apenas as bandeiras do Barça e da Catalunha. Lá dentro, o catalão é a língua número 1, inclusive nas mensagens publicitárias em torno do estádio. O espanhol aparece apenas como segunda língua em igualdade de condições como o inglês, língua na qual, aliás, eu fui orientado quando fiz o altamente recomendável tour do Camp Nou. Não é à toa que o lema do Barça é "Mais que um clube" (ou Més que un club, em catalão).
Dentro do campo, a rivalidade entre os clubes cresceu ainda mais na década de 50, quando eles disputaram a contratação do argentino Alfredo Di Stéfano, que acabou se tornando um dos maiores jogadores da história do clube merengue, conquistando os já citados troféus da Copa dos Campeões.
Embora o Barcelona só tenha conquistado seu primeiro título europeu em 1992, os rivais tiveram um duelo importante em 1961 pela principal competição do continente. Então pentacampeão do torneio, o Real foi eliminado pelo Barcelona após uma derrota por 2 a 1. O Barça avançou até a final quando foi derrotado pelo Benfica por 3 a 2. Em 2002, os clubes voltaram a se enfrentar pela semifinal da Liga dos Campeões. Chamado pela imprensa na época de "Jogo do Século", o Real acabou levando a melhor com uma vitória no Camp Nou por 2 a 0 e um empate em 1 a 1 em casa. Na decisão, Zidane marcou um golaço inesquecível, o Real venceu o Bayer Leverkusen por 2 a 1 e foi campeão.
A luta por Di Stéfano foi só o primeiro capítulo de uma história de disputa por craques que se estende até hoje, quando de um lado estarão Kaká e Cristiano Ronaldo, jogando seu primeiro clássico, e do outro Ibrahimovic, também debutando na partida, e Messi, atacante que tem tudo para conquistar o prêmio de melhor do mundo da Fifa. Prêmio, aliás, faturado nas duas últimas temporadas pelo português e pelo brasileiro da equipe merengue.
Vários craques jogaram dos dois lados. Alguns viraram ídolos de ambas as torcidas como o brasileiro Evaristo de Macedo e o dinamarquês Michael Laudrup. Outros foram impiedosamente vaiados, como o português Luís Figo quando jogou pela primeira vez contra o Barça no Camp Nou. E alguns brilharam intensamente com uma camisa, embora não tivessem decepcionado com a outra. É o que aconteceu com Luís Enrique e Ronaldo, ídolos do Barça, mas que não tiveram passagens ruins pelo Real.
Neste domingo, todo o peso dessa história centenária estará no Cam Nou certamente lotado. Mais do que a liderança do Campeonato Espanhol - hoje com o Real com 28 pontos, um a mais do que o Barça - a partida é verdadeiramente um campeonato a parte. E claro que o Real está com sede de vingança depois de na última temporada ser humilhado por 6 a 2 no Santiago Bernabéu. Espero que o espetáculo seja a altura do daquele que para mim é o maior clássico entre clubes do mundo. E que vença o melhor. 
Prováveis formações:
Barcelona: Valdés, Daniel Alves, Puyol, Piqué e Abidal; Xavi, Busquets, Keita e Iniesta; Messi e Ibrahimovic. Técnico: Josep Guardiola.
Real Madrid: Casillas, Sérgio Ramos, Pepe, Albiol e Arbeloa; Lassana Diarra, Xabi Alonso, Kaká e Cristiano Ronaldo; Benzema e Higuaín. Técnico: Manuel Pellegrini.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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