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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O atacante que pode ajudar o Lille a voltar a ser campeão

O atacante em ação na França - Divulgação

Os ventos da vitória na França parecem estar soprando para o norte dessa vez. Depois de nove anos de domínio de times com sede na região central ou ao sul do país, o Lille, clube do norte da França quase na fronteira com a Bélgica, está na liderança do Campeonato Francês e com chances de encerrar um jejum de 57 anos sem conquistar a primeira divisão do país.

Líder da Ligue 1 com 45 pontos, dois a frente do Rennes, o Lille tem uma campanha de 12 vitórias, nove empates e apenas três derrotas, o melhor ataque com 42 gols, a terceira melhor defesa com 23 gols sofridos e o artilheiro do campeonato, o atacante senegalês Moussa Sow, com 16 gols. No domingo, o Lille recebe o Lyon para tentar se manter na liderança da competição.

No elenco do líder do Campeonato Francês há um brasileiro pouco conhecido e que sequer jogou como profissional no país, mas conta com a confiança do técnico Rudi Garcia. O atacante Túlio de Melo, de 26 anos, é um dos jogadores que podem ajudar o Lille e encerrar o mais de meio século sem títulos do pequeno time que sonha em se tornar um gigante do seu país.

Prejudicado por uma lesão muscular que o fez ficar dez rodadas longe do time e a posição de titular nesta temporada, Túlio fez apenas três gols nesta temporada na Liga, mas ostenta uma marca invejável que o faria no Brasil ser facilmente chamado de talismã ou pé de coelho de uma equipe. Com ele em campo, o Lille só perdeu um jogo no Campeonato Francês. Em 16 partidas, foram ainda nove vitórias e seis empates. Além dessa sorte, Túlio conta que o segredo do Lille para chegar no topo da tabela, é a manutenção do time por várias temporadas e a contratação de reforços pontuais para o clube.

- O segredo principal é a estabilidade. Desde que cheguei, a base do time é a mesma. Poucas coisas mudaram. Não acontece de todo ano sair dez jogadores. Chegam dois, saem dois. Assim, temos um entrosamento de dois anos e todo mundo conhece as características de cada jogador.

Não é a toa que o time vem crescendo nas últimas temporadas. Foi décimo em 2007, sétimo em 2008, quinto em 2009, quarto em 2010 e agora é líder. Nesse meio tempo, esteve constantemente disputando a Liga Europa (antiga Copa da Uefa).




Outra receita do sucesso do Lille é o esquema ofensivo. Rudi Garcia costuma escalar um time ofensivo independentemente de estar jogando no seu estádio, o Stade Lille-Metropole, ou longe dos seus torcedores. Por isso que os dois principais artilheiros da equipe: Sow e o marfinense Gervinho  (11 gols) estão entre os cinco principais artilheiros da Ligue 1.

- A filosofia de jogo dele é muito interessante. É espetáculo e para a torcida é bom. O time sempre procura atacar. Nunca ficamos na retranca.

Natural de Montes Claros, em Minas Gerais, Túlio começou nas divisões de base do Atlético-MG, mas nunca atuou na equipe como profissional. Com 18 anos, deixou o clube mineiro para a sua primeira aventura europeia na Dinamarca. No Aalborg, passou pelas dificuldades que todo brasileiro enfrenta quando vai jogar no exterior. A barreira da língua foi facilmente rompida pelo conhecimento que ele já tinha de inglês num país onde a língua britânica é uma espécie de segundo idioma. Pior mesmo foi jogar com 15 graus negativos.

- Senti um frio que nunca tinha sentido na vida. Tem um momento que você não sente mais a ponta dos pés e os dedos das mãos.

Em 2005, Túlio se mudou para a França onde foi jogar no Le Mans. Foi lá que ele conheceu Rudi Garcia e começou a despontar como artilheiro. Tinha 20 anos e estreou logo marcando um gol contra o Lyon, que então estava na campanha do quarto dos seus sete títulos franceses consecutivos. Na França não teve qualquer problema de adaptação e aprendeu a apreciar a cultura e os bons restaurantes locais. Foi bem no Le Mans, mas uma grave lesão no ligamento cruzado do joelho direito prejudicou o seu desempenho no clube e o tirou praticamente de uma temporada. Ao fim do contrato, embora estivesse adaptado na França, resolveu mudar de ares e ir para o Palermo.

Assinou contrato cinco meses antes do fim do seu compromisso com o Le Mans, mas quando chegou na Sicília o técnico Francesco Guidolin e toda a diretoria que tinha apostado na sua contratação como substituto de Amauri, que fora para a Juventus, foram demitidos. Depois que o clube não cumpriu com o que tinha prometido, resolveu deixar o futebol italiano e voltar para a França a convite do mesmo Rudi Garcia que o treinara no Le Mans.
No Lille se adaptou facilmente e virou titular do time. Atualmente, só atua na equipe principal nos Jogos da Liga Europa, torneio em que o time foi eliminado na quinta-feira, e da Copa da França e entra frequentemente nos jogos do Campeonato Francês. No clube, a prioridade é clara: conquistar o título francês é mais importante até mesmo do que a Liga Europa. O título da Liga é importante pela verba que o time receberá e porque pode significar o primeiro passo para que o Lille se torne um clube grande.

- A prioridade é o Campeonato Francês pelo fato de os direitos de TV serem de acordo com a classificação na competição. Assim, teremos mais verba para montarmos o elenco do próximo ano, pois é isso que mantém o clube hoje. Não abandonamos os outros campeonatos, mas a prioridade é o Francês. O presidente tem um projeto ambicioso, mas tudo depende do final do campeonato. O Lille está progredindo e se continuarmos assim, temos tudo para continuar evoluindo.

E nas próximas temporadas, o Lille terá um reforço de peso. O clube está construindo um novo estádio a ser inaugurado em 2012 que terá capacidade para 50 mil pagantes. O Grande Stade Lille Metropole vai substituir a atual arena que cabe apenas 18 mil pagantes.

- O que todo mundo fala aqui é que a única coisa que falta para o Lille ser considerado um time grande da Europa é um grande estádio. É o que está acontecendo agora. Está sendo construído um estádio nos moldes do Allianz Arena (do Bayern de Munique) que promete ser um dos mais modernos da Europa.


Com os investimentos, o Lille quer evitar que a conquista de títulos seja apenas uma brisa passageira e passe a ser uma constante na vida do clube.
(Post originalmente publicado na seção Brasileiros pelo Mundo no blog Planeta que Rola)

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