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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Dirigente propõe separação de torcedores por raça no Dínamo de Kiev

O grave problema de racismo no futebol ucraniano exposto mais uma vez depois que quatro torcedores negros foram agredidos na semana passada, levou o diretor do estádio Olimpiyskiy, onde joga o Dínamo Kiev, a sugerir uma medida extremamente polêmica. Volodimir Spilchenko disse que poderiam ser criados setores na arquibancada exclusivamente para negros. 
- Estamos avaliando, talvez, a possibilidade de criar um setor separado (para os torcedores negros) para evitar os atos racistas - disse Spilchenko. 
A sugestão foi feita a partir da pergunta que um repórter fez após mais um caso de racismo envolvendo um clube do país. Na semana passada, durante 0 a 0 entre o Dínamo de Kiev e o Chelsea, pela Liga dos Campeões da Europa, quatro negros foram atacados por um grupo de ultras do Dínamo Kiev na arquibancada. Quando eles tentaram escapar deles, outro grupo de ultras teria atacado os torcedores negros.
Enquanto a Uefa abriu um procedimento para investigar o caso, a Federação Ucraniana de Futebol lavou as mãos sobre o caso e praticamente colocou a culpa nos torcedores negros por terem passado por uma área do estádio que é normalmente ocupada pelos ultras.
- A presença de torcedores negros naquele setor é muito surpreendente porque ali sempre ficam os Rodychi (os ultras do Dínamo Kiev). As pessoas dessa categoria (de raça negra) nunca ficam ali. A princípio elas estavam sem entradas e com sinalizadores. Talvez estivessem lá de forma premeditada para provocar. Todas estas perguntas precisam de uma resposta - afirmou Ohor Kochetov, vice-presidente da Federação Ucraniana.
A proposta de separar torcedores, no entanto, causou tanta polêmica que a administração do estádio teve que se manifestar em um post em seu perfil no Facebook. Ela afirmou que a frase do dirigente foi tirada do contexto pela imprensa.
"Desafortunadamente, o jornalista que fez a entrevista só reconheceu a ideia de criar um setor independente e ignorou a parte em que o diretor do estádio expressava a sua opinião. Volodimir condenou categoricamente a ideia de criar uma zona para cada raça e sempre se opôs à construção de barreiras para os fãs, mas isso não foi dito".
Para Piara Powar, diretor executivo da Fare, uma organização não-governamental que combate a discriminação no futebol, os ataques refletem o momento que vive o futebol no leste europeu. Em países como Ucrânia e Rússia, são frequentes os atos de racismo de torcedores contra jogadores e outros torcedores.
- Esse terrível incidente reflete uma contínua realidade do futebol no centro e no lete da Europa. Foi feito um comunicado para a Uefa, que tem a responsabilidade pela partida, e vamos lutar por duras sanções - disse Powar, em entrevista ao jornal inglês "Guardian".
Esta não foi a primeira vez que o Dínamo Kiev teve problemas com casos de racismo em seu estádio. A Uefa já havia multado o clube em €15 mil (R$ 64,2 mil) e ordenado o fechamento de parte do estádio em março depois de um comportamento racista dos seus torcedores em uma partida contra o Everton, pela Liga Europa. 
Agora a Uefa vai investigar o novo caso. Mas, obviamente, dificilmente a entidade aprovaria qualquer ideia de separação de torcedores por raça.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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