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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Polícia prende 19 pessoas em escândalo de manipulação de resultados

A onze dias da abertura da Eurocopa, o futebol italiano se vê mais uma vez diante de um escândalo de manipulação de resultados. Nesta segunda-feira, a polícia do país prendeu 19 pessoas, entre elas dez jogadores ou ex-jogadores profissionais, acusados de manipular resultados do Calcio em 2010 e 2011. A operação foi chamada de "Última Aposta".
O escândalo chegou até a seleção italiana. Cinco policiais estiveram na concentração da Azzurra em Coverciano, em Florença, para notificar e interrogar o zagueiro Domenico Criscito, do Zenit. Ele terá que apresentar sua defesa. Mais tarde, o jogador foi cortado pelo técnico Cesare Prandelli e está fora do torneio que será disputado na Polônia e na Ucrânia. Criscito é suspeito de participação na combinação de um resultado entre o Genoa, seu ex-clube, e o Lazio, na temporada 2010-11.
- Criscito está abalado, mas sereno. Quer discutir sua posição com o Ministério Público. Também por isso está fora da Euro. Ele explicou algumas coisas para mim e eu acredito na sua versão e na sua inocência - afirmou o ex-jogador Albertini, dirigente da seleção italiana.
Fotos feitas pela polícia e divulgadas pelo jornal "Gazzetta dello Sport" mostram o jogador conversando na saída de um restaurante com o jogador Sculli, dois torcedores ultras do Genoa e um conhecido criminoso bósnio. Estes três seriam da máfia das apostas. Investigadores acreditam que muitas das partidas arranjadas foram organizadas por uma gangue do leste europeu conhecida como "Os Ciganos", que pagaria milhares de euros para subornar jogadores. O zagueiro, no entanto, negou envolvimento no escândalo.
- Não tenho nada a ver com isso. Só fui jantar com alguns torcedores do Genoa - defendeu-se Criscito.
Além de Criscito e Sculli, Kaladze é suspeito de participação no esquema. O técnico do Juventus, Antonio Conte, está entre os investigados do caso por causa de uma partida na temporada 2010-11, quando ele treinava o Siena. O treinador teria conhecimento de um empate em 2 a 2 entre a sua então equipe e o Novara. O caso foi denunciado por um ex-jogador seu em abril do ano passado. O presidente do Siena, Massimo Mezzaroma, também está entre os investigados.
Entre os presos, está o capitão do Lazio, Stefano Mauri, e o ex-jogador do Genoa, Omar Milanetto, hoje no Padova. Também foram detidas cinco pessoas na Hungria acusadas de fazer parte de um esquema ilegal de apostas liderado por Tan Seet Eng, apostador de Cingapura, que foi preso em dezembro.
Todas as prisões tem ligação com as partidas envolvendo Lecce e Lazio e Lazio e Genoa na temporada passada. De acordo com o promotor do Ministério Público de Cremona, Roberto di Martino, há uma "absoluta superabundância" de evidências sobre o encontro entre Lecce e Lazio, que terminou com vitória de 3 a 2 para a equipe de Roma. Di Martino acrescentou que apostadores ganharam cerca de 2 milhões de euros com a partida e pagaram 600 mil euros para subornar jogadores. Também estão sendo investigadas partidas envolvendo Siena, Napoli, Sampdoria, Brescia, Bari e Palermo.
- Há sete, oito jogos sendo investigados e há indicações que nos faz pensar que eles foram manipulados. As buscas envolvem jogadores, técnicos e diretores de clubes, incluindo Conte e Mezzaroma - afirmou Di Martino.
Di Martino disse ainda que a ida da polícia até a concentração da Itália tem a ver apenas com Criscito.
- Não devemos dar muita ênfase à blitz em Coverciano. É um problema relacionado apenas a Criscito e não envolve nenhum outro jogador da seleção até o momento.  

O envolvimento de Conte na investigação fez a imprensa italiana especular se o técnico que acaba de conduzir o Juventus ao título invicto do Calcio pode ser tragado pelo escândalo. O advogado do treinador, Antonio de Rencis, negou que Conte, que acaba de renovar contrato até 2015, esteja envolvido em manipulação de resultados.
- A reação de Conte foi de alguém que está completamente fora disso e determinado a provar que não tem nenhuma relação com o caso - disse o advogado à "Gazzetta dello Sport".
Além das prisões, a polícia também esteve a procura de novas provas em 31 casas na Itália e fora do país.  Os policiais foram, inclusive, em casas de jogadores e técnicos de clubes da Série A, da Série B e de divisões inferiores. Uma das residências revistadas foi a do brasileiro Luciano, do Chievo.
En junho do ano passado, o ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, criou uma força especial para investigar os casos de manipulação de resultados no país, que vem crescendo exponencialmente desde 2006.
Ex-capitão do Atalanta, o meia Cristiano Doni foi banido por três anos e meio em agosto do ano passado por ter participado do chamado "Calcioscommesse", escândalo de jogos arranjados envolvendo partidas da Série B. Por causa do seu envolvimento, o clube de Bérgamo perdeu seis pontos na disputa da Série A nesta temporada.
O ex-atacante do Lazio e da seleção italiana Giuseppe Signori também foi banido por cinco anos e 15 outros jogadores foram banidos por um período entre um e cinco anos por terem participado do mesmo esquema.
Outro escândalo recente, o Calciopoli, também levou a uma série de punições e cassou os títulos italianos do Juventus em 2005 e 2006, além do rebaixamento da Velha Senhora. O time só voltaria a ser campeão nesta temporada.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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