Um dia depois da operação da "Última Aposta" da polícia italiana que resultou na prisão de 19 pessoas, sendo dez jogadores e ex-jogadores profissionais, escutas divulgadas pelo jornal "Gazzetta dello Sport" complicaram ainda mais a situação de alguns jogadores acusados de envolvimento em manipulação de jogos no Calcio.
Diante de mais uma devastadora prova da corrupção no Calcio, o premier da Itália, Mario Monti, sugeriu que o futebol do país fosse suspenso por "dois ou três anos" para tentar resolver os problemas das partidas arranjadas.
- Deveriamos refleteir e avaliar se seria benéfica a suspensão total do jogo por dois ou três anos. Não é uma proposta do governo, mas uma questão que estou colocando.
As transcrições de conversas telefônicas divulgadas pela imprensa italiana mostram alguns jogadores como Sculli, capitão do Genoa, mas que estava no Lazio na temporada passada, e Kaladze, ex-jogador do Milan e do Genoa, conversando com alguns chefes responsáveis pela manipulação das partidas. Nesta segunda, o "Gazzetta dello Sport" já tinha divulgado fotos de Sculli e Criscito, ex-zagueiro do Genoa e atualmente no Zenit, conversando em um restaurante com Safet Altic, criminoso preso por tráfico de drogas e, segundo a polícia, ligado à gangues de apostas ilegais.
Também participavam alguns líderes dos ultras do Genoa. Entre eles o torcedor Fabrizio Fileni, o mesmo que há poucas semanas liderou um protesto no estádio do clube que levou a partida a ser paralisada por 40 minutos. O protesto foi justamente antes de um Lazio x Genoa, uma das sete partidas da Série A que estão sob suspeita.
Segundo os investigadores, Mauri se comunicava com os intermediários sempre utilizando um cartão de telefone emprestado pela namorada do dono de uma casa de apostas em Roma que também está sendo investigado. Os jogadores utilizavam uma linguagem cifrada como "portas" e "relógios" para negociar. De acordo com a polícia, isso significava dinheiro e lucro.
Uma das escutas divulgadas pelo jornal italiano mostra uma conversa de maio de 2011 entre Altic, que jantou com Criscito e Sculli, e Kahka Kaladze, jogador da Geórgia que se aposentou neste ano para se candidat a um cargo político em seu país. Kaladze é conhecido como Kala.
Altic: "Kala?"
Kaladze: Sim. Olá. Onde você está?
Altic: Está comendo?
Kaladze: Não. Eu não.
Altic: Ok, estarei lá em uma hora.
Kaladze: Ok. Te ligo.
Altic: Tudo bem. Mas é melhor você e eu ficarmos um pouco mais afastados, se não... entende?
Altic: Tudo bem. Mas é melhor você e eu ficarmos um pouco mais afastados, se não... entende?
Pouco depois, Altic fala com outra pessoa, conhecida pela polícia por ter participado em negociações de apostas ilegais. Os investigadores sabem o nome, mas não o divulgaram. Segundo as investigações, dessa conversa se entende a razão do encontro de Kaladze com Altic. O jogador teria recebido 50 mil euros para a compra de "portas".
Altic: Conte-me amigo.
Desconhecido: Tudo bem, irmão?
Altic: Tudo bem. Tenho que sair agora. Te ligo depois. Tenho que cuidar de um par de assuntos.
Desconhecido: Espero, um segundo, sobre a história dos 50 mil euros de portas tenho gente aqui.
Altic: Vou me encontrar com Kaladze agora. Estou indo a Milão, onde Kaladze está comprando todas as portas sozinho. Vou lá e te ligo.
Em outra escuta, Sculli também aparece conversando com Altic:
Sculli: Safet, tudo bem?
Altic: Bem. E você? O que há?
Sculli: Nada. Estou aqui em Milão.
Altic: Ainda?
Sculli: Estou sem um carro. O outro tinha que ter me entregue hoje, mas vai me enviar na quinta.
Como Altic não reagiu, Sculli disse: Venha falar sobre isso. Vamos conversar. Que mais você quer que eu te diga? Vem que tenho que de dar o relógio. Estou te dizendo que tenho que te dar o relógio, mas não tenho carro. Como faço se não tenho carro? Se o quer (o "relógio")? Agora eu vou e volto a te chamar.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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