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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Guardiola se despede sem a Champions, mas ele fracassou o Bayern?

Quando o Bayern de Munique anunciou a contratação de Pep Guardiola seu objetivo era claro. O clube bávaro queria voltar a conquistar a Liga dos Campeões da Europa, algo que não conseguia desde 2001. Na ocasião, o time ainda era treinado por Jupp Heynckes e estava na disputa das três competições. Mas como Heynckes havia perdido em casa a final para o Chelsea, em 2012, o clube parecia estar atrás de um técnico que fizesse a equipe dar o salto necessário para voltar a conquistar o troféu. 
Enquanto isso, Guardiola era o que havia de mais inovador e sedutor no futebol. Seu time do Barcelona com Xavi, Iniesta e Messi como destaques envolvia os seus rivais com um futebol ofensivo e de toque de bola que massacrava os adversários e simplesmente não os deixava jogar, tamanha a eficiência e o controle da bola que a equipe catalã tinha. Além disso, tinha conquistado duas vezes a Liga dos Campeões (2009 e 2011). Guardiola era o novo Midas. Transformava-se, com méritos, em quase uma unanimidade.
Mas ele já chegaria em Munique pressionado, pois Heynckes conseguiu conduzir o Bayern a um impressionante título europeu na final contra o Borussia Dortmund. Tudo com direito a uma goleada de 7 a 0 no valor agregado na semifinal diante do Barcelona. O desafio agora era tão grande quanto o anterior. Fazer o Bayern ser hegemônico e conseguir criar uma dinastia do time alemão no cenário europeu como o grande Bayern dos anos 70 de Beckenbauer e Gerd Müller. 
Guardiola não conseguiu o título nas suas duas primeiras temporadas. Em dezembro, o clube anunciou que o treinador deixaria Munique, embora o time tivesse interesse em sua renovação. Mas Guardiola estava atrás de novos desafios e seu próximo passo teria que ser necessariamente a Inglaterra. E o Manchester City seria o seu novo desafio. O treinador catalão só tinha, portanto, mais uma chance de levar novamente o título europeu para Munique. Mas a eliminação para o Atlético de Madrid acabou com todas as esperanças do Bayern.
Mais uma vez Guardiola caia numa semifinal. Mais uma vez diante de um time espanhol. Perdeu para o Real Madrid em 2014, o Barcelona em 2015 e, por fim, para o bravo Atlético de Simeone. Isso significa que Guardiola fracassou? Não.
A Liga dos Campeões é a competição mais difícil do planeta. Ganhar uma vez é um feito. Duas, um fenômeno. Um treinador que ganha três vezes, é quase um mito. Apenas dois técnicos fizeram isso: Bob Paisley, campeão com o Liverpool em 1977, 1978 e 1981, e o futuro técnico do Bayern, Carlo Ancelotti, que venceu com o Milan em 2003 e 2007 e com o Real Madrid em 2014. 
- Fiz o melhor que pude. Fui muito feliz aqui, mas não consegui ganhar a Liga. Espero que o time possa ganhá-la no futuro - disse Guardiola, já se despedindo do Bayern.
HEGEMONIA NA ALEMANHA
Embora não tenha conquistado o sonhado título europeu, o trabalho de Guardiola foi ótimo no Bayern. O problema é compará-lo com o seu período no Barcelona, onde praticamente tudo deu certo. No Barça, Guardiola conquistou 14 de 19 títulos disputados (um aproveitamento de 73,6%). No Bayern, foram cinco de 12 títulos disputados (aproveitamento de 41,6%), mas Guardiola está a um empate do seu tricampeonato alemão e está na decisão da Copa da Alemanha, o que pode fazê-lo se despedir com sete títulos em 14 disputados. Um ótimo aproveitamento de metade das taças.
Guardiola manteve o Bayern como hegemônico na Alemanha e de certa forma teve sucesso na Europa ao conduzir o time a três semifinais consecutivas. Faltou o passo final. Esse desafio ficará para Ancelotti.
Na frieza dos números, seu desempenho até aqui é incontestável. Seu aproveitamento é de 75%, maior do que os 72,4% que obteve no Barcelona. Em 156 jogos, venceu 117. Empatou 20 e perdeu apenas 19. Dezenove derrotas em três anos. É quase nada. 
- A estatística é a estatística no futebol. Claro que eu queria chegar na final em cada um destes três anos. Espero que agora Carlo (Ancelotti) consiga - disse Guardiola, elogiando os "excelentes jogadores" que comandou e desejando o melhor para a equipe no futuro.
Agora, Guardiola vai para o City e pode até assumir o clube na mesma condição que chegou no Bayern. O time inglês está na semifinal da Liga dos Campeões e se superar o Real Madrid disputará a decisão contra o Atlético. Mesmo que o City caia, o seu grande desafio mais uma vez será fazer o time azul de Manchester conquistar o título europeu. É o preço de ser o melhor técnico do mundo. 
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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