Pesquisar este blog

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Uma visita ao Amsterdam Arena




O Amsterdam Arena visto do lado de fora - Marcelo Alves
Depois do PSV, chegou a hora de contar um pouco de como foi a visita ao grande rival do clube de Eindhoven, o Ajax. Para quem vai a Amsterdã e gosta de futebol, visitar o Amsterdam Arena é um passeio que vale muito a pena. Assim como no PSV, as visitas são apenas guiadas, mas há um grande número de excursões durante o dia em inglês e holandês em intervalos de pouco mais de uma hora, tempo que dura a visita ao estádio do Ajax. Mas se você chega num horário em que uma visita acabou de começar, pode passar um tempo no belo museu do clube aguardando a sua vez.
Estádio mais moderno da Holanda, o Amsterdam Arena é também o maior do país, com capacidade para 51.628 espectadores. São apenas 51 cadeiras a mais do que o estádio do Feyenoord, em Rotterdã, o maior da Holanda até a inauguração do Arena em 1996. E eles falam dessa condição de maiores com muito orgulho. Coisas da rivalidade local entre os três gigantes holandeses. Até porque, até o final do século passado, o Ajax jogava no De Meer, um simpático, mas acanhado estádio em que cabia pouco mais de 20 mil pessoas.
 A esquerda, a estação de trem que desemboca no estádio. A direita um cinema. Há ainda bares, restaurantes e lojas no entorno do Amsterdam Arena - Marcelo Alves
Construído pela prefeitura de Amsterdã, o local onde o Ajax manda seus jogos custou 134 milhões de euros. Dinheiro este bancado por um grande número de patrocinadores que têm direito a expor suas marcas na arquibancada superior do estádio. É por isso, aliás, que as arquibancadas do Arena são todas coloridas como vocês podem ver nas fotos. São as cores associadas as marcas que ajudaram a erguer o segundo estádio da Holanda a ser considerado cinco estrelas pela Uefa. Qual é o outro? O do Feyenoord, é claro.
As arquibancadas coloridas do Arena, cores de quem bancou a casa do Ajax - Marcelo Alves
Todo mundo conhece a história da grama que sai do estádio para tomar sol e não sofrer com os shows que o local recebe. Era uma novidade na época da fundação, mas outros estádios hoje em dia têm um sistema semelhante. Só que no início mesmo assim havia muita reclamação com relação ao estado do gramado, muitas vezes ruim. Sem contar que no inverno não tem como pegar sol em Amsterdã. Estive lá no verão europeu e mesmo assim estava frio e chovendo. E a própria guia, que é de Amsterdã, foi bem enfática: "Acreditem em mim. No inverno faz muito frio em Amsterdã".
Ela contou que isso foi resolvido com grandes ventiladores que ajudam na circulação do ar, estruturas com lâmpadas que imitam a radiação solar (fotos abaixo) e melhorias no sistema de irrigação. Se isso é verdade ou não, não sei, mas o gramado hoje é realmente um tapete.
Os ventiladores usados para preservar o gramado - Marcelo Alves
Dentro do estádio me chamaram a atenção ainda três coisas. Em primeiro lugar, a inclinação das arquibancadas é de uma tal maneira que é praticamente impossível que alguém a sua frente atrapalhe a sua visão do jogo. Aliás, observei diversos pontos do estádio e não consegui encontrar um ponto cego sequer. Eles podem até existir, mas devem ser bem poucos. 
As lâmpadas que imitam as incidências de raios solares - Marcelo Alves
Nem os telões te atrapalham. Por outro lado, se você tem medo de altura não compre um assento na última fileira (visão da foto abaixo). Pode provocar vertigens.
Uma visão do gramado da última fileira atrás de um dos gols. Bem alto e inclinado - Marcelo Alves
O estádio tem ainda um espaço reservado para a torcida adversária que corresponde a 10% de sua capacidade. Essa área é protegida por barreiras de vidro e a frente tem ainda uma marquise para ao menos dificultar que os mal educados joguem qualquer coisa em torcedores do Ajax embaixo deles (foto abaixo).
A área protegida é reservada para a torcida adversária do Ajax - Marcelo Alves
No lado oposto do estádio, atrás de um dos gols e bem separado da torcida adversária, fica o espaço para as duas principais torcidas organizadas do Ajax. Os mais fanáticos pelo clube sentam por ali.
Apenas entrar no estádio já seria legal, mas a visita guiada o leva ainda para os vestiários e a sala de imprensa que até que é bem modesta em comparação com outros clubes europeus (o Real Madrid então, dá um banho nesse sentido), mas de onde saíram duas histórias curiosas. Atrás da mesa onde são feitas as coletivas há quatro cadeiras: a maior e no centro é a do treinador do Ajax, atualmente o holandês Martin Jol. A sua esquerda sempre senta um jogador que tenha se destacado numa partida.
A sua direita, a cadeira descrita pela guia como "a mais importante". Ela é ocupada pelo assessor de imprensa do clube. E porque ela é a mais importante na visão deles? Porque o assessor é o homem que pode vetar determinadas perguntas de jornalistas ou impedir que os entrevistados respondam determinadas perguntas. Se o técnico do Ajax disser antes que não quer falar sobre um jogador que foi para a night (bom, no caso de Amsterdã, foi para o Red Light) ou alguma medida polêmica, ele avisa antes ao assessor que comunica à imprensa que o técnico não vai falar sobre o tema. Até aí, é um sapo que a imprensa está acostumada a engolir a contragosto. Só que além disso, a guia disse que o assessor pode impedir o técnico de responder a uma determinada pergunta se ele achar que o técnico não deve. E ficamos por isso mesmo. Deve ser difícil viver num país assim com censura.
A última cadeira fica do lado direito do todo poderoso do Ajax. Ela é menor e mais baixa do que a cadeira do técnico porque é a cadeira do treinador adversário do dia da partida. Afinal, como descreveu a nossa guia, "nenhum outro técnico pode ficar em posição de igualdade com o nosso". A cadeira também é a mais próxima da porta porque "é para que o técnico adversário fique pouco tempo e saia logo do estádio". Isso foi motivo de boas gargalhadas entre os turistas. (Foto abaixo da sala de imprensa).
 A sala de imprensa do Ajax, onde são feitas as coletivas - Marcelo Alves
Por todo o estádio e o museu, Johan Cruyff é figura onipresente. Pudera. Maior jogador da história da Holanda, ele é o maior de todos do Ajax, onde jogou de 1959 a 1973 e mais duas temporadas entre 1981 e 1983. Pelo clube, Cruyff conquistou oito Campeonatos Holandeses, cinco Copas da Holanda, três Copas dos Campeões da Europa e um Mundial. Marcou 267 gols em 365 jogos. É um ícone do clube e até hoje há torcedores que compram a camisa do Ajax e ao invés de colocar o número e o nome de algum jogador do time atual resolvem gravar o lendário número 14 que pertenceu a Cruyff.
Uma área do museu reservada para Johan Cruyff, maior ídolo do clube - Marcelo Alves
O espaço dedicado a ele no museu é vasto e não rivaliza com nenhum outro atleta do clube, embora nomes como Van Basten, Rijkaard e Litmanen, entre outros, também tenham bastante destaque. Os quatro são alguns dos personagens de minidocumentários que passam dentro do museu mostrando atores mirins representando eles quando começaram a jogar bola em vilarejos ou lugares afastados. De repente a cena corta para grandes jogadas e gols dos craques com a camisa do clube.
O espaço dedicado a Marco Van Basten - Marcelo Alves
Outra coisa legal do museu é que as decisões continentais ou intercontinentais ganham destaque especial, independentemente de o Ajax ter conquistado ou não o título. Afinal, o vice-campeonato não deixa de ser honroso.
Um dos primeiros times do centenário Ajax - Marcelo Alves
Veja abaixo mais fotos do estádio e do museu:
As taças de duas das quatro Ligas dos Campeões do clube. As outras duas estão do outro lado - Marcelo Alves
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
 Camisas, flâmulas e troféus que o time conquistou na década de 90 - Marcelo Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário