A intenção pode ter sido boa, mas sem querer Lionel Messi provocou a ira de muitos egípicios com uma gafe ao dar entrevista para o programa "I am famous", do canal saudita MBC Masr.
Durante a conversa com a apresentadora Mona El-Sharkawy, o craque argentino dooou ao programa um par de chuteiras exclusivo para ser leiloado e a renda ser doada para instituições de caridade.
A apresentadora, porém, ficou desconcertada. Isso porque provavelmente já previa a polêmica. No mundo árabe, dar os calçados a alguém ou atirá-los em alguém é algo visto como um insulto, pois sapatos são considerados sujos, de pouco valor e representam o que há de desprezível no ser humano. Em 2008, por exemplo, o jornalista iraquiano Muntasir al-Zaudi atirou seus sapatos no presidente americano George W. Bush em uma coletiva de imprensa em Bagdá, em protesto contra a invasão no Iraque.
O camisa 10 do Barcelona não sabia disso, mas mesmo assim foi alvo de muitas críticas de políticos e torcedores do país.
O parlamento do Egito e a Federação Egípicia de Futebol afirmaram que o gesto do jogador foi ultrajante. Mas a polêmica não parou por ai. Na TV, o apresentador Said Hasasin tirou o seu sapato, o exibiu para as câmera e disse que o estava dando para a Argentina, "onde também há pobres".
Coube ao ex-jogador egípicio Mido sair em defesa do argentino. Com passagens por Ajax, Roma, Olympique Marseille e West Ham, o ex-jogador de 33 anos lembrou que no mundo do futebol não há nada mais precioso que as chuteiras de um craque.
- A coisa mais preciosa que um escritor tem é sua caneta, e a coisa mais preciosa que um jogador tem são suas chuteiras - afirmou.
Já Mona El-Sharkawy disse que Messi nunca afirmou que as chuteiras eram para a caridade no Egito.
Da próxima vez é melhor o argentino doar uma camisa. Como fez com o jovem afegão Murtaza Ahmadi, que ficou famoso por usar um saco plástico que reproduzia a camisa da seleção da Argentina e semanas depois foi presenteado pelo craque do Barcelona.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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