A 13 rodadas do fim, o Campeonato Inglês viverá mais um dia de tirar o fôlego neste domingo. Em uma das disputas mais emocionantes dos últimos tempos, os quatro primeiros colocados se enfrentam em dois jogos decisivos em Londres e Manchester que podem tornar a briga pelo título ainda mais acirrada ou dar uma boa vantagem ao Leicester City no topo da tabela. Às 10h (de Brasília), o time de Claudio Ranieri visita o Arsenal, no Emirates. Mais tarde, às 14h15m (de Brasília), o Manchester City recebe o Tottenham.
Por mais que sejam dois confrontos com cara de final, a Premier League tem tudo para ser decidida na última rodada. E não será uma surpresa se ela for definida no minuto final como na campanha do título do City de 2012, conquistado graças ao gol de Agüero aos 49 do segundo tempo. Isso porque ao fim da 26ª rodada os quatro postulantes ao troféu ainda terão confrontos diretos a fazer e duelos contra adversários complicados como Manchester United, Chelsea, Everton e Liverpool. United e Chelsea, aliás, podem ser os fiéis da balança. Os dois times ainda enfrentarão Leicester, Tottenham e City. O Arsenal não enfrenta mais o Chelsea, mas ainda jogará contra o United. Por outro lado, ainda terá confrontos diretos contra Tottenham e City.
Com 53 pontos, quatro de vantagem para Tottenham e Arsenal e cinco a frente do City, o Leicester não perderá a liderança nesta rodada. E é o time que tem a estrada mais “limpa” dos quatro primeiros colocados. Após o jogo de hoje, serão nove partidas contra equipes da parte de baixo da tabela antes dos três duelos finais contra United, Everton e Chelsea, que por mais que esteja mal é sempre um time perigoso.
LONGO JEJUM
Com um time modesto para os padrões da milionária Premier League (é avaliado em € 127 milhões ou R$ 572,4 milhões, quase quatro vezes a menos do que o City), o Leicester vem fazendo o torcedor sonhar com um título inédito. O mais longe que a equipe chegou foi a um vice-campeonato na temporada 1928-29.
— A pressão está sob os outros. Por que eu deveria me sentir pressionado? Estamos apenas sonhando com nossos fãs. Por favor, que ninguém nos acorde — disse Ranieri.
Para repetir o desempenho da última rodada, quando surpreendeu o City fora de casa, Ranieri conta com as armas que colocaram o time no topo. A forte marcação na defesa, o contra-ataque mortal capitaneado por Mahrez, responsável por 51% dos gols do time (14 gols e 10 assistências) e pelo artilheiro Jaime Vardy (18 gols).
Se o Leicester tenta o primeiro título, a Premier League deste ano pode representar um fim de um longo jejum para Arsenal e Tottenham. O time de Arsene Wenger não é campeão desde 2004. Já os seus rivais de Londres não levantam a taça desde 1961. Para superar a eficiência da equipe de Ranieri, o treinador francês conta com o bom momento de Özil. Aos 27 anos e vivendo uma das melhores temporadas da carreira, o alemão é quem dita o ritmo de uma equipe que tenta propor o jogo (a média de posse de bola é de 57,5%, a segunda melhor da liga). Özil é responsável por 51,2% dos gols dos Gunners (são 16 assistências e quatro gols marcados).
— Revi a nossa partida (no primeiro turno, quando o Arsenal venceu por 5 a 2) porque eu queria saber como esse time evoluiu desde então. Eles estão mais cautelosos. Eles jogam muito no terço final (dos jogos) e vêm até você muito rápido. Eles te sugam e vão muito rapidamente ao campo do adversário. Isso funcionou muito bem contra o City — analisou Wenger, admitindo que o Leicester não tem nada a perder.
PERTO DA CHAMPIONS
De fato, mesmo que não seja campeão, o time já fará história se garantir uma vaga na Liga dos Campeões. Desde a classificação do Leeds United em 2002, o torneio europeu sempre foi reservado ao quarteto de gigantes formado por United, Chelsea, Arsenal e Liverpool. Desde 2011, o City roubou o lugar do Liverpool e nas últimas 12 temporadas apenas Everton (uma vez) e Tottenham (duas) se infiltraram nessa elite.
Campeão em duas das últimas quatro edições da liga, o City pode não estar vivendo a urgência de uma conquista, mas isso não significa que a fome do time seja diferente. Até porque o técnico Manuel Pellegrini deseja deixar o seu lugar no banco para Pep Guardiola como campeão inglês e, se possível, europeu. Com um elenco cheio de jogadores lesionados (Sagna, Delph, Nasri, Navas, De Bruyne, Bony), o chileno confia no bom desempenho da equipe em casa para vencer o Tottenham. O City é o que melhor aproveita o fator casa na Premier League. A equipe conquistou 28 pontos dos 39 possíveis.
— Temos uma longa lista de lesionados. Mas David Silva está ok. É difícil lidar com tantas lesões na mesma posição, mas temos que lidar com isso. Vamos ver como o time jogará. Não estamos pensando em um jogador e uma partida, estamos em muitas competições — afirmou.
E o City terá que se superar se quiser derrotar o Tottenham, equipe que está em ascensão na tabela. Se o time de Mauricio Pochettino é o único que não esteve na liderança (O City foi lider em 11 rodadas, o Leicester está indo para dez e o Arsenal esteve no topo em quatro), ele só vem subindo desde que estava em 16º na quarta rodada até a atual vice-liderança. Os Hotspurs têm a melhor defesa da liga (19 gols sofridos) e, nas próprias palavras do seu técnico, “jogam como animais” tamanha a doação e a intensidade em campo. Em toda a liga inglesa, só o Bournemouth corre mais do que o Tottenham. É uma média de 118,1 km contra 115,3 km da equipe do treinador argentino, que dá uma média de 535,4 sprints por partida. Nenhum dos candidatos ao título apresenta tamanho desempenho físico.
— Temos um plano e isso é o mais importante. Quando você traça um objetivo, você precisa segui-lo. Acreditar nele e não alterá-lo. Eu confio nos jogadores e no elenco para seguir isso - afirmou Pochettino.
Neste sábado, na abertura da rodada, o Manchester United perdeu para o Sunderland por 2 a 1.
Outros resultados: Bournemouth 1 x 3 Stoke City, Crystal Palace 1 x 2 Watford, Everton 0 x 1 West Bromwich, Norwich 2 x 2 West Ham, Swansea City 0 x 1 Southampton.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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