A primeira rodada da Eurocopa terminou nesta segunda-feira com belos gols, zebras e alguns bons jogos. Mas a grande história destes primeiros quatro dias de torneio se chama Andriy Shevchenko. Reconheço que para mim ele estava acabado para o futebol. E quando o vi formando o ataque do time do técnico Oleg Blokhin com o insipiente Voronin pensei que um dos donos da casa iriam se despedir rapidamente da Euro. Afinal, a Ucrânia parecia ser a seleção mais fraca do grupo D formado ainda por Suécia, Inglaterra e França.
Shevchenko, 35 anos, não parecia ser o jogador necessário para conduzir os ucranianos ao menos a uma honrosa classificação para as quartas de final. Veterano e longe dos grandes centros do futebol europeu há três anos, ele não dava mais sinais de ser o grande artilheiro que brilhou por sete anos com a camisa do Milan até fazer a besteira de trocar o clube italiano pelo Chelsea e ver o seu futebol desaparecer.
Não era apenas esse retrospecto no clube inglês que não me fazia acreditar. Na própria temporada atual Shevchenko não exibia números muito robustos. Por causa de lesões, jogou apenas 22 dos 40 jogos do Dínamo de Kiev e marcou apenas seis gols. Isso é inferior à pior temporada dele no Chelsea (foram oito gols em 25 jogos em 2007-08) e à sua pior temporada no Milan, quando marcou dez gols em 2002-03.
O velho artilheiro, convenhamos, estava morto. Mas Shevchenko fez questão de mostrar que estávamos todos errados. "Calou os críticos", poderia estampar um jornal de Kiev, amanhã. Talvez inspirado por um espírito de Zidane, que resolveu jogar o fino na sua última competição e levou a França ao vice-campeonato mundial em 2006, o artilheiro ressurgiu do nada para dar à Ucrânia uma virada improvável contra a Suécia.
A vitória por 2 a 1 teve a sua marca. Dois gols de cabeça que fariam o torcedor do Milan relembrar de alguns dos momentos mais importantes do seu clube no início do século. Do outro lado, o atual ídolo do clube, Ibrahimovic, assistia à redenção de Sheva sem poder fazer muita coisa. Embora tivesse tentado com o gol que inaugurou o placar e outras jogadas. Mas a noite era do capitão Shevchenko e da apaixonada torcida ucraniana.
- Estou sentindo tantas coisas agora. Isso é fantástico! É a Euro, jogando em casa, a partida de abertura e vencemos por 2 a 1 - disse o artilheiro.
Após o jogo, Shevchenko exibia a alegria de um atacante que acabara de começar no futebol e disputava a sua primeira competição e não a última. Sim, o jogador está se aposentando da seleção e se especula até que do futebol. É certo, portanto, que pelo menos com a camisa amarela da Ucrânia são os últimos chutes e gols que estamos vendo do artilheiro.
- Merecíamos vencer. Jogamos bem e estou muito feliz, muito emocionado. Obrigado a todos os torcedores que nos apoiaram. Obrigado aos companheiros pela bela partida que fizeram. Temos uma boa chance de chegar na próxima fase. Agora temos que nos recuperar antes da partida contra a França - afirmou.
Para Blokhin, o resultado estava previsto desde a sua última noite de sono.
- Andriy não acredita em mim, mas sonhei que ele tinha marcado dois gols - disse o ex-jogador da União Soviética. - Todos nos criticavam e diziam que não estávamos preparados, mas provamos que estavam errados - completou.
Para Shevchenko cada jogo é uma final. É improvável que faça seis "jogos de despedida de luxo" com a camisa da Ucrânia. Três estão garantidos. Talvez quatro. Contudo, não importa o que aconteça daqui para frente. Hoje já foi um daqueles dias emocionantes que só o futebol te proporciona.
A situação da chave
Com a vitória sobre a Suécia, a Ucrânia assumiu a liderança da chave com três pontos. França e Inglaterra, que empataram por 1 a 1 mais cedo, têm um ponto cada. A Suécia ainda não pontuou.
Na próxima rodada, na sexta-feira, a Ucrânia enfrenta a França enquanto a Suécia joga com a Inglaterra.
Ucrânia 2 x 1 Suécia
Local: Estádio Olímpico, Kiev (UCR)
Árbitro: Cuneyt Sakir (TUR)
Cartão Amarelo: Kallstrom, Elm (Suécia)
Gols: Ibrahimovic aps 6 minutos do segundo tempo para a Suécia e Shevchenko aos 9 e aos 16 minutos do segundo tempo para a Ucrânia
Ucrânia: Pyatov, Gusyev, Khacheridi, Mykhalik e Selin; Timoschchuk, Nazarenko, Konoplyanka (Devic) e Yarmolenko; Voronin (Rotan) e Shevchenko (Milevisky). Técnico: Oleg Blokhin
Suécia: Isaksson, Lustig, Mellberg, Granqvist e Martin Olsson; Elm, Kallstrom, Larsson (Wilhelmsson) e Toivonen (Svensson); Rosenberg (Elmander) e Ibrahimovic. Técnico: Erik Hamrén.
Local: Estádio Olímpico, Kiev (UCR)
Árbitro: Cuneyt Sakir (TUR)
Cartão Amarelo: Kallstrom, Elm (Suécia)
Gols: Ibrahimovic aps 6 minutos do segundo tempo para a Suécia e Shevchenko aos 9 e aos 16 minutos do segundo tempo para a Ucrânia
Ucrânia: Pyatov, Gusyev, Khacheridi, Mykhalik e Selin; Timoschchuk, Nazarenko, Konoplyanka (Devic) e Yarmolenko; Voronin (Rotan) e Shevchenko (Milevisky). Técnico: Oleg Blokhin
Suécia: Isaksson, Lustig, Mellberg, Granqvist e Martin Olsson; Elm, Kallstrom, Larsson (Wilhelmsson) e Toivonen (Svensson); Rosenberg (Elmander) e Ibrahimovic. Técnico: Erik Hamrén.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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