Entre as frases feitas que são seguidamente repetidas como verdades irrefutáveis está a que diz que Lionel Messi não joga bem com a camisa da seleção da Argentina. Eu sempre discordei. Discordei porque ele fez uma boa Olimpíada em Pequim-2008 e foi decisivo para a medalha de ouro da equipe de Sérgio Batista. E discordo porque ele fez uma boa Copa do Mundo em 2010, na África do Sul.
Em 2008, ele não fez gol, mas fez uma ótima partida nos 3 a 0 sobre o Brasil na semifinal (Agüero, duas vezes, e Riquelme marcaram naquele dia). Dois anos depois, um amistoso meio despretensioso em Doha, no Qatar. Ronaldinho voltava à seleção após um período de boas atuações pelo Milan e teve atuação discreta. O próprio Messi não aparecia muito, mas no fim da partida ele se aproveitou de uma bola perdida por Douglas no meio-campo, deu uma daquelas arrancadas que nós conhecemos e tocou no canto esquerdo do goleiro Victor: 1 a 0.
Messi seguiu sua vida. Não foi brilhante na Copa América do ano passado, mas suas últimas atuações pela seleção da Argentina comprovam que craque joga bem em qualquer lugar. Messi não mudou. Talvez só esteja mais entrosado com o time argentino. E certamente o técnico Alejandro Sabella tem algum mérito nas últimas excelentes atuações do seu capitão.
E uma coisa é certa e vem desde a Copa do Mundo: A defesa da Argentina continua muito fraca.
Uma semana depois de brilhar contra o Equador, Messi fez neste sábado uma de suas atuações mais espetaculares pela seleção. Foram três belos gols na vitória de 4 a 3 sobre o Brasil em Nova Jersey. O último deles, então, daqueles mais sensacionais que ele costuma marcar pelo Barcelona. Drible desconcertante em Marcelo, arrancada em diagonal e chute da entrada da área seco e no ângulo do goleiro Rafael.
Com essa atuação de gala, Messi encerra uma temporada em que se não foi perfeita por conta da perda da Liga dos Campeões da Europa e do Campeonato Espanhol, será lembrada pelos inúmeros recordes ou marcas importantes atingidas pelo argentino. E pelos quatro títulos conquistados. Entre eles o Mundial Interclubes. Portanto não diga que a temporada do Barcelona foi um fracasso. Teve um Mundial conquistado nela. Além da Copa do Rey e das Supercopas da Espanha e da Europa.
- Queria terminar a temporada bem. Saio de férias tranquilo e feliz - disse o craque após a partida.
Messi entrou de férias hoje deixando para trás uma temporada em que marcou 82 gols. Ele simplesmente pulverizou o recorde europeu que pertencia ao alemão Gerd Müller. O alemão tinha marcado 67 gols na temporada 1972-73. Somando os jogos pela seleção, Müller fez 77 gols. Messi fez cinco a mais com os 73 gols pelo Barcelona e nove gols pela Argentina em 60 e nove jogos, respectivamente. Messi só ficou distante da marca de Pelé. Mas ai era preciso ser sobrenatural para ultrapassar os 127 gols anotados pelo Rei em 1959.
Com os nove gols marcados com a camisa da seleção, Messi agora é o quarto maior artilheiro da história da equipe com 26 gols. A sua frente estão apenas Batistuta (56 gols), Crespo (35) e Maradona (34). É questão de tempo para ele ser o número 1 da Argentina como já é o do Barcelona (em jogos oficiais) com 253 gols. Messi também encerra a temporada com 12 jogos em que marcou três ou mais gols. Foram dez pelo Barcelona e dois pela Argentina.
Mas o assunto aqui são as marcas pela Argentina. E Messi pode se orgulhar de mais uma. Há 30 anos ninguém marcava três gols na seleção brasileira. O último foi exatamente Paolo Rossi na Copa da Espanha em 1982 nos 3 a 2 da Itália sobre o time de Telê Santana.
Em toda a história, apenas nove jogadores marcaram três gols ou mais no Brasil numa mesma partida. Quatro deles são argentinos. Além de Messi fizeram hat-tricks na seleção Sanfilippo em 1959, Peucelle em 1940 e Seoane em 1925. Mas o recordista ainda é o desconhecido Ernst Willimowski. O polonês marcou quatro gols na derrota por 6 a 5 para o Brasil na Copa de 1938. Esse recorde Messi ficou devendo para uma outra oportunidade.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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