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sexta-feira, 23 de maio de 2008

O desafio do Fluminense na Libertadores

Se quiser chegar a uma inédita final de Libertadores, o Fluminense terá que quebrar um tabu que já dura 45 anos. Desde 1963 que um clube brasileiro não ganha um confronto de mata-mata do Boca Juniors, adversário do Tricolor a partir da próxima quarta-feira na Argentina. Naquela ocasião, foi necessário ter Pelé em campo para resolver o problema. Era a Libertadores de 1963, ano do bicampeonato do Santos, e o Rei do Futebol marcou o gol da vitória por 2 a 1 em plena Bombonera, estádio que, por estar interditado, não vai receber a primeira partida da semifinal deste ano.
Desde então, foram 11 confrontos e o Boca venceu todos. Entre eles aconteceram quatro decisões. Ou seja, dos seis títulos da equipe de Riquelme, quatro foram em cima de clubes brasileiros.
Em 1977, Veglio colocou o Boca em vantagem na Bombonera, mas com um gol de Nelinho, o Cruzeiro devolveu o placar no Mineirão. No jogo-desempate, 0 a 0 e vitória argentina por 5 a 4 nos pênaltis.
Em 2000, o Palmeiras de Alex sonhava com o bicampeonato e o sonho parecia mais perto depois de um 2 a 2 na Bombonera. Mas o sonho palmeirense ruiu quando o time que já era comandado por Riquelme empatou no Parque Antártica por 0 a 0 e venceu por 4 a 2 nos pênaltis.
Três anos depois, foi Carlitos Tevez quem venceu o duelo com o Santos de Robinho vencendo as duas partidas: 2 a 0 na Argentina e 3 a 1 em São Paulo.
Em 2007, Riquelme atravessou novamente o caminho de uma equipe brasileira. Novamente sob o seu comando, o Boca não tomou conhecimento do Grêmio na decisão da Libertadores e venceu por 3 a 0 em casa, gols de Palácio, Riquelme e Patrício, contra, e 2 a 0 no Olímpico, num show de Riquelme, que marcou os dois gols.
Notem que em todas as decisões, o Boca fez o segundo jogo fora de casa. Ou seja, um bom resultado na primeira partida para o time de Renato Gaúcho pode não significar muita coisa. Que o digam os mexicanos do Atlas, que comemoraram o 2 a 2 no estádio José Amalfitani, do Vélez, e levaram 3 a 0 no Jalisco, e os cruzeirenses, que nas oitavas-de-final deste ano, vibraram muito com o gol marcado na derrota por 2 a 1 na Bombonera, e perderam pelo mesmo placar no Mineirão.
Em três edições de Libertadores, o Boca eliminou dois brasileiros na sua caminhada. Além do Santos, a equipe passou pelo Paysandu nas oitavas-de-final de 2003. A equipe do Pará chegou a alimentar a esperança de uma inédita classificação para as quartas-de-final após a histórica vitória na Bombonera por 1 a 0, gol de Iarley, que depois viria a jogar no próprio Boca. Mas a derrota por 4 a 2 em Belém estragou os sonhos de sua torcida.
Em 1991, os argentinos eliminaram o Corinthians nas oitavas-de-final e o Flamengo nas quartas-de-final. Dez anos depois, as vítimas foram o Vasco nas oitavas-de-final, que foi derrotado duas vezes (1 a 0 e 3 a 0), e o Palmeiras, que perdeu uma vaga na decisão nos pênaltis, após dois empates. Em 2004, o Boca eliminou o São Caetano nas quartas-de-final, também nos pênaltis, após dois empates por  0 a 0 e 1 a 1.
É uma estatística desfavorável, mas não significa que o Fluminense, único brasileiro que restou na competição, já entre em campo derrotado. Não ter medo do Boca, comportamento de muitos times brasileiros quando vão enfrentá-lo, é o primeiro passo. Cultiva-se aqui no país um excessivo respeito e um quase endeusamento ao clube argentino, que é realmente muito tradicional em Libertadores, mas não é imbatível. A prova é que muitos dos jogos aqui listados foram decididos nos pênaltis, quando é um detalhe que pode fazer a diferença.  O segundo passo é saber impor o seu ritmo de jogo. Tem que ser um jogo mais para Conca e Thiago Neves do que para Riquelme.
Certo é que será um grande jogo que ganha status de final antecipada entre o atual campeão e o time que fez a melhor campanha entre os quatro semifinalistas. Dificilmente o campeão não saíra deste confronto, independentemente de quem seja o adversário na decisão, LDU, do Equador, ou América do México.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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