Karanba é bicampeão da Norway Cup no sub-16

Os jogadores do Karanba erguem a taça de campeões da Norway Cup - Marcelo Alves

A disputa do título da categoria sub-16, considerada a principa da Norway Cup, reuniu todos os elementos de uma grande decisão e acabou sendo uma das partidas mais emocionantes do torneio. No final, o Karanba confirmou o favoritismo contra o Alunorte Rainforest e conquistou o bicampeonato do torneio em Oslo, na Noruega, após uma dramática disputa por pênaltis que terminou em 5 a 4 a favor dos garotos do Rio de Janeiro. No tempo normal e na prorrogação, empate em 2 a 2.

A partida foi marcada pela emoção, o equilíbrio e a rivalidade entre os times dentro e fora de campo. Algumas jogadas ríspidas levaram o técnico do Rainforest, Alberto Müller, a reclamar com a arbitragem. O time do Pará chegou a perder um jogador contundindo ainda no primeiro tempo, mas os dois lados tiveram seus momentos de levantar um pouco mais o pé. Só que o Karanba foi o único que teve um jogador expulso.

Nas arquibancadas, disputa entre os cantos e provocações, que chegaram a fazer com que as duas torcidas se exaltassem em determinados momentos. Coisas de decisão. Ninguém saiu machucado. A grande rivalidade tem origem no ano passado, quando os paraenses foram eliminados pelo Karanba nas oitavas de final num jogo cercado de muita polêmica.

Neste ano, os dois times protagonizaram a primeira decisão brasileira da Norway Cupque entrou para a história pela sua alta carga dramática. No início, o Karanba parecia que ganharia até com certa facilidade o jogo, tamanho o domínio que tinha no meio-campo. O time do Pará se defendia bem, mas correndo do jeito que estava debaixo do sol forte que fazia em Ekkeberg, não aguentaria muito tempo se não mudasse sua estratégia.

Gabriel comemora o primeiro gol do Karanba no empate em 2 a 2 na decisão - Marcelo Alves

Aos 24 minutos Gabriel da Silva acertou um belo chute de fora da área e abriu o placar para os cariocas. Início de uma goleada do time? Não. O Rainforest voltou jogando com muita garra no segundo tempo, indo incansavelmente em todas as bolas e chegou a igualdade com Lucas Almeida aos 12 minutos.

Naquela altura, o técnico Müller tinha mudado o seu meio-campo e pedido para o time jogar mais pelas pontas, o que acabou se configurando numa arma decisiva para a equipe começar a igualar a partida contra o Karanba.

Só que aos 17, Gabriel colocou o Karanba novamente em vantagem. Agora parecia o fim do sonho dos meninos do Rainforest. Mas a um minuto do fim da partida (na Norway Cup elas são disputadas em dois tempos de 30 minutos), Jefferson acertou um chute indefensável para o goleiro Marlon e empatou o jogo.

A tensão continuou na prorrogação, mas o gol não saiu. Nos pênaltis, o Karanba levou a melhor convertendo todas as suas cobranças. O time paraense errou apenas uma, justamente com o seu melhor jogador, o atacante Sílvio. Mas o pênalti perdido não o impediu de ser eleito o melhor jogador em campo.

Após a partida, a festa foi dupla entre os brasileiros, que se parabenizaram. O Karanba comemorou muito o bicampeonato, mas o Rainforest também saiu muito feliz com o vice-campeonato que vai levar para Barcarena. Nunca a equipe do Pará tinha chegado tão longe na Norway Cup.

- Foi uma emoção muito grande estar na final. Faltou pouco para o time ser campeão, mas esse time foi guerreiro – disse o atacante Sílvio.

Os garotos do Alunorte Rainforest comemoram o vice-campeonato da Norway Cup - Marcelo Alves

Para Müller, ficou o aprendizado para os meninos do Pará, que conquistaram a simpatia de boa parte da torcida norueguesa. Ele confessou que, embora tivesse sonhos, não imaginava que o time fosse chegar tão longe na competição. Mas diz que depois de 12 dias longe de casa, a missão está mais do que cumprida.

- É difícil competir com as grandes equipes que disputam a competição, que são muito bem preparadas e trabalham com o futebol. Nossos garotos treinam seis meses dentro do projeto social para jogar enquanto o Karanba treina o ano todo.

Bicampeão do torneio, o técnico Sérgio Antunes exaltou a conquista dos garotos do Karanba, mas não deixou de frisar a importância da educação dentro do projeto comandado pelo norueguês Tommy Nielsen no Brasil.

- A gente trabalha com jovens que estão buscando sonhos. Eu sempre tento falar para eles que existe um outro lado do futebol. Não é só a bola. Por isso eles têm que aproveitar o que o Karanba dá no projeto social com cursos de inglês, agora teremos cursos na área de petróleo, porque temos patrocinadores que trabalham com isso. Porque se não der para ser jogador, ele poderá ter uma outra profissão.

Tommy, por sua vez, comemorava o feito do Karanba na Escandinávia. Entre Dana Cup, na Dinamarca, Gothia Cup, na Suécia, e Norway Cup, o time conquistou três títulos e foi duas vezes vice-campeão com os times sub-16 e sub-20.

- Foram cinco finais em seis possíveis. O trabalho foi maravilhoso - concluiu.

* O repórter viajou a convite da Embaixada da Noruega

(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)