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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Os times desconhecidos da Libertadores-2017

O Carabobo/Reprodução do site do clube
Dizem que não há mais time bobo no futebol. Mas Carabobo, com certeza, tem. A Libertadores-2017 vai apresentar ao continente o Carabobo, da Venezuela, que jogará pela primeira vez o torneio no ano que vem. Trocadilhos infames à parte, o clube é um dos três desconhecidos do grande público que farão sua estreia na competição mais importante da América do Sul. Os outros têm também nomes curiosos: o Deportivo Capiatá, do Paraguai, fundado recentemente, em 2008, e o Sport Boys Warnes, da Bolívia, que já teve entre seus jogadores o presidente do país, Evo Morales, e foi treinado por uma mulher.
Os três times só conhecerão seus rivais na próxima quarta-feira, quando a Conmebolsorteará em Luque, no Paraguai, os grupos e os confrontos das fases preliminares do torneio. Enquanto isso, conheça um pouco mais da história destes três clubes abaixo.
CARABOBO
Garantido na segunda fase preliminar graças ao terceiro lugar no Campeonato Venezuelano, o Carabobo será alvo de muitas piadas por conta do seu nome, se cruzar com algum time brasileiro. O clube, com as suas, digamos, configurações atuais, surgiu em 1997, a partir do que restou do antigo Valencia Fútbol Club, time da capital do estado de Carabobo que havia sido fundado em 1964 e estava vivendo uma grave crise financeira.  Com o nome antigo foram disputadas três Libertadores, em 1970, 1972 e 1974.
Na ocasião, o Valencia estava acabado, e seus jogadores treinavam na Universidade de Carabobo. Foi quando o governo local se uniu a vários entes públicos e empresas privadas para tentar reestruturar o futebol na cidade. No dia 26 de fevereiro de 1997, o Valencia ressurgia como Carabobo FC, time que faria a sua estreia no dia 9 de março de 1997, ao ser derrotado por 2 a 0 pelo Nacional Táchira, em San Cristóbal
No segundo jogo, o primeiro na sua casa, o Estádio Misael Delgado de Valencia, a equipe vinotinto (sim, exatamente como a seleção), marcou o primeiro gol de sua história. Obra do colombiano José Luis Segura, autor do gol da vitória contra o Atlético Zamora.
Mostrando que não seria mais um bobo no futebol, o jovem time conseguiu o acesso para a elite logo em sua primeira temporada, ao golear o Monagas por 5 a 0, conquistando o título da segunda divisão. O time, no entanto, ainda busca o seu primeiro troféu de primeira divisão.
Ao chegar na elite, o Carabobo tinha como principal meta disputar uma Libertadores. Algo que só conseguirá em 2017. Na caminhada até lá, o time foi rebaixado em 2001, mas logo retornou para a elite. O mesmo aconteceu em 2012. 
A Libertadores-2017 não será a primeira experiência internacional do Carabobo. O time já havia disputado as edições da Copa Sul-Americana de 2004, 2006 e 2007, sendo sempre eliminado nas fases preliminares. No ano passado, o Carabobo mais uma vez disputou a Copa Sul-Americana, mas caiu diante do Deportes Tolima, da Colômbia.
Embora muito jovem, o time venezuelano tem um rival, contra quem faz um derbi da região. Trata-se do Aragua FC, com quem faz o chamado "Clásico de las autopistas", encontro entre o time de Valencia e o de Maracay, cidades separadas por apenas 50km.
Carabobo não tem jogadores conhecidos do grande público. A grande maioria do seu plantel é formado por jogadores venezuelanos. As exceções são o zagueiro panamennho Darwin Pinzón e o atacante argentino Tulio Etchemaite. Assim, o nome mais conhecido é mesmo o treinador, o ex-jogador da seleção boliviana Julio César Baldivieso.
DEPORTIVO CAPIATÁ
Paraguaios disputarão primeira Libertadores | Reprodução
Assim como o Carabobo, o Deportivo Capiatá é uma jovem equipe que busca a primeira taça para exibir em sua sala de troféus. O mais longe que o time fundado em 2008 chegou foi o vice-campeonato da segunda divisão do Paraguai em 2012.
Capiatá tem uma trajetória semelhante à da Chapecoense, equipe que foi rapidamente da Série D para a Série A do Brasil entre 2009 e 2014. No caso dos paraguaios, que têm como um dos apelidos o pomposo “El equipo Mitológico”, a estreia na terceira divisão do país foi em 2008. Em 2010, o time faria a sua estreia na segunda divisão, logo depois de ter concluído a construção do seu estádio próprio, o Enrico Galeano Segóvia, com capacidade para 15 mil espectadores.
O início na Série B não foi bom, terminando na modesta 12ª posição. No ano seguinte, não foi para a elite por causa de apenas um ponto. O acesso só veio com o vice-campeonato em 2012. Uma campanha que teve 16 vitórias, sete empates e apenas seis derrotas.
Assim, o Capiatá se convertia na sétima equipe vinda das ligas regionais do interior do país a ter chegado à elite do Paraguai. E a estreia do Capiatá foi promissora. Um quinto lugar que lhe garantiu uma vaga na Copa Sul-Americana de 2014. 
Sua campanha no torneio foi muito boa para um time que até 2008 estava na liga amadora do país. Eliminou o Danúbio, do Uruguai, o Caracas, da Venezuela, e só caiu diante do Boca Juniors nas oitavas de final.
Agora o time vai entrar na primeira fase pré-Libertadores de 2017 por ter obtido a segunda melhor pontuação no Campeonato Paraguaio entre as equipes que não foram campeãs do Clausura ou do Apertura. 
Treinado pelo ex-jogador paraguaio Félix Dario León, o time tem um plantel formado em sua grande parte por jogadores do país. Os únicos estrangeiros são os argentinos Hugo Colace e Rodrigo Soria, o venezuelano Luis Páez e o camaronês Christ Mbondi.
SPORT BOYS WARNES
Evo quando assinou contrato | Reprodução/Sport Boys
Conhecido como “El Toro”, o clube boliviano se garantiu na fase de grupos da Libertadores ao conquistar o torneio Apertura deste ano. Dos três desconhecidos, é o mais antigo, tendo sido fundado em 17 de agosto de 1954.
Embora já tenha 62 anos, o clube de Warnes, cidade de pouco mais de 96 mil habitantes do departamento de Santa Cruz, disputa só há pouco tempo as principais divisões bolivianas. A estreia na segunda divisão aconteceu apenas em 2012 depois de toda uma vida em divisões amadoras do país.
Em 2013, o time subiu para a elite onde joga desde então. A Libertadores será o primeiro torneio internacional que o clube disputará. Para isso, os bolivianos contam com a ajuda de dois brasileiros: o zagueiro Jefferson Lopes, ex-Tiradentes, do Ceará, e o atacante Anderson Gonzaga, que não defendeu nenhum clube brasileiro.
Mas nem o título boliviano consegue superar aquela que é a história mais curiosa do Sport Boys Warnes. Em 2014, o presidente da Bolívia, Evo Morales, assinou um contrato para defender o clube por um mês pela quantia de US$ 200. Assim, Evo, então com 54 anos, tornou-se o jogador mais velho a defender um clube de futebol profissional.
O convite a Evo foi feito na época pelo então presidente do clube, Mario Cronenbold, que era amigo pessoal do presidente boliviano. E na ocasião o dirigente deu carta branca ao presidente para escolher quais partidas ele queria jogar. As razões, no entanto, não foram nada futebolísticas.
- É uma questão de marketing. Uma empresa se comprometeu a nos dar apoio se o presidente jogasse pela equipe - confessou o dirigente na época.
O presidente boliviano, porém, acabou descartando defender o clube dois meses depois de sua contratação porque não se sentia bem fisicamente para entrar em campo.
- Não quero prejudicar, não estamos à altura de um esportista. Tentei intensificar a minha preparação física, mas creio que não estamos à altura. Só prejudicaria (a equipe) - afirmou na ocasião.
Sport Boys também foi o primeiro clube do país a ter uma mulher comandando a equipe. Em 2013, a secretária geral do clube Hilda Ordóñez assumiu o comando do time depois da saída do antigo treinador. Mas a experiência durou pouco tempo, pois logo o clube contrataria o argentino Néstor Clausen.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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