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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Era uma vez um verão na Europa

Desde que os principais clubes europeus passaram a viajar para a Ásia e os Estados Unidos para aliar a pré-temporada ao faturamento de um dinheiro a mais, dois torneios que tinham muito prestígio no passado e eram frequentemente disputados por clubes brasileiros perderam um certo prestígio. Mas ao contrário do que se pode imaginar, eles não sumiram do mapa e continuam sendo jogados em todo mês de agosto antes do início da liga espanhola. Falo dos troféus Teresa Herrera e Ramon de Carranza.
Em um tempo que os times brasileiros excursionavam na Europa, os dois torneios de verão da Europa eram presença constante no calendário das equipes. Além da oportunidade de enfrentar algumas grandes equipes, os clubes ainda colecionavam histórias. Como esquecer a última conquista de um time brasileiro do troféu Tereza Herrera? Em 1996, o Botafogo foi campeão derrotando a Juventus nos pênaltis usando o uniforme do Deportivo La Coruña.
Campeão brasileiro no ano anterior, o time de Túlio Maravilha partiu para a Espanha para dois jogos do tradicional torneio disputado no estádio Riazor. Diante de um Deportivo que vivia o seu auge, o time carioca venceu o jogo por 2 a 1, gols de Túlio e Bentinho. Na outra partida, a Juventus atropelou o Ajax por 6 a 0 e foi fazer a final contra o time brasileiro.
Foi quando surgiu um problema. As duas equipes tinham uniformes semelhantes e nenhuma delas levou um jogo de camisas reserva. A solução foi o Deportivo emprestar suas camisas aos botafoguenses para enfrentarem Del Piero, Deschamps e cia (Zidane não esteve em campo neste jogo). E a partida final foi um espetáculo. Acabou 4 a 4, com direito a um gol de Túlio para empatar o jogo aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação. O artilheiro, aliás, fez três gols naquele jogo. Na disputa de pênaltis, Amoruso, Di Livio e Jugovic desperdiçaram suas cobranças e o Botafogo acabaria campeão ao vencer por 3 a 0.
Depois deste jogo, Vasco (1997) e Corinthians (1999) foram os últimos brasileiros a disputarem o troféu. Ambos terminaram na quarta posição. Em cinco dos últimos seis anos, o troféu se resumiu a um jogo do Deportivo contra uma outra equipe que, com exceção do Newcastle em 2010, era espanhola. No ano passado, o Deportivo foi campeão derrotando o Sporting Gijon por 1 a 0 em um torneio que contou ainda com o Sporting, de Portugal, e o Nacional, do Uruguai. Neste ano, mais uma vez a disputa se resumirá a um jogo. No dia 8 de agosto, o Deportivo enfrentará o Braga, de Portugal. 
O Teresa Herrera existe desde 1946, e, além do Botafogo, já foram campeões do troféu o Vasco (1957), o Santos (1959), o Fluminense (1977) e o São Paulo (1992). O título do Santos foi o única final envolvendo times brasileiros. E foi um clássico que era uma grande rivalidade daqueles tempos. O Santos foi campeão ao golear o Botafogo por 4 a 1. O time carioca tinha nomes como Nilton Santos, Quarentinha, Didi, Zagallo e Garrincha. Do outro lado, estava o Santos de Pelé, Coutinho, Zito e Pepe. Vários jogadores em campo haviam disputado a Copa do Mundo de 1958. Diante de 40 mil pessoas, Pepe (2), Pelé e Coutinho fizeram os gols do Santos. Zagallo descontou para o Botafogo.
Já o Ramón de Carranza surgiu nove anos depois do Teresa Herrera e é disputado em Sevilha. Assim como a competição jogada em La Coruña, o torneio já teve vários brasileiros campeões. Palmeiras e Vasco foram os que mais conquistaram o belo troféu entre os times do país. Foram três títulos. O Palmeiras venceu em 1969, 1974 e 1975. Já o Vasco foi campeão em 1987, 1988 e 1989. 
Também foram campeões do Ramon de Carranza o Flamengo (1979 e 1980), Atlético-MG (1990), São Paulo (1992) e o Corinthians, o último time brasileiro a vencer o torneio, em 1996.
O último brasileiro a jogar o Ramon de Carranza foi o Vasco. A equipe carioca ficou em quarto lugar em 1999 em uma disputa que teve ainda o campeão Bétis, a Lazio e o Cádiz. Desde então, poucos estrangeiros disputaram a competição. A Lazio voltou em 2004. No ano seguinte, o Braga jogou. Depois, só em 2011 Udinese e Sporting jogariam o Ramon de Carranza. Em 2012, o Nacional, de Portugal, foi campeão. Em 2013, o Mogreb, do Marrocos, foi o primeiro time africano a jogar a competição e ficou em segundo lugar. No ano passado foi a vez da Sampdoria, da Itália.
Neste ano, o torneio será nos dias 7 e 8 de agosto. E apenas times espanhóis jogarão. Os participantes serão Bétis, Cádiz, Granada e o Atlético de Madrid, maior campeão do torneio com nove conquistas. 
São novos tempos de dois torneios que perderam espaço para a busca dos grandes times europeus por novos mercados. Já os brasileiros se viram impedidos de excursionar com as mudanças de calendário e com a diferença em relação à Europa. Se antigamente, as viagens coincidiam com um intervalo entre o Estadual e o Brasileiro, agora os clubes estão no meio de temporada e da disputa do campeonato nacional. Mas as lembranças de ver o seu time medindo forças com os europeus ficam guardadas na memória do torcedor.
Maiores campeões do Teresa Herrera:
18 títulos - Deportivo
9 títulos - Real Madrid
6 títulos - Atlético de Madrid
5 títulos - Barcelona
4 títulos - Sevilla
Maiores campeões do Ramon de Carranza:
9 títulos - Atlético de Madrid
8 títulos - Cádiz
7 títulos - Sevilla
6 títulos - Real Madrid
5 títulos - Bétis
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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