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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Amory Green Rovers, o Íbis inglês

Marc Hodsdon (no centro) é jogador-treinador do time que é um dos piores do futebol inglês - Divulgação
Eles estão na lanterna de um campeonato que é equivalente à 12ª divisão do futebol inglês. Sim, 12ª DIVISÃO! Sofrem goleadas acachapantes como 22 a 0 ou 17 a 0. Sua média de gols contra é de 7,5 por partida. Mas não há crise, briga no elenco e nem o treinador está ameaçado de perder o emprego. Estamos falando do Amory Green Rovers, o Íbis da Inglaterra e certamente um dos piores times do Reino Unido.
O Amory ocupa a lanterna da sétima divisão da Devon & Exeter Football League, que equivale à 12º divisão dentro do sistema inglês que, acredite, vai até a 24ª divisão. Não marcou sequer um ponto em 16 jogos no campeonato e já levou 120 gols na temporada.
Mas nada disso preocupa seus jogadores, todos amadores. Muito menos os "dirigentes". O Amory é um time cristão e considera que mais importante do que vencer é passar os valores éticos e morais de respeito ao próximo e amor através do esporte. Tanto que o time nunca tomou sequer um cartão amarelo ou vermelho na competição.
- Nós somos incrivelmente ruins. Podemos ser o pior time de futebol da Grã-Bretanha. Mas certamente somos os mais legais - brincou Marco Hodsdon, de 33 anos, jogador-treinador do Amory.
- Nós sempre damos o nosso melhor e tentamos vencer as partidas, mas nesta temporada já perdemos de 22 a 0 e 17 a 0. Sofremos algumas verdadeiras aniquilações. Mas não tivemos nenhuma expulsão, não discutimos com o árbitro, nossa atitude é sempre positiva. E somos abertos a todos, independentemente de sua habilidade com a bola.
Hodsdon, que trabalha como motorista de uma empilhadeira, começou a jogar no time quando tinha 23 anos. Ele garante que Amory nem sempre foi um saco de pancadas.
- Subimos de divisão algumas vezes, mas ai eu desisti de jogar, tive filhos. Voltei na temporada passada e agora queremos fazer tudo diferente - garante.
Mas o espírito no melhor estilo "o importante é competir" permanece.
- Eu encontrei a minha fé enquanto estive fora e para nós não é mais uma questão de rebaixamentos e promoções. Temos que acabar com as dívidas, conseguir um bom patrocínio, é claro, mas não é um caso mais de vitória. Só queremos ir lá e jogar futebol.
Talvez seja por isso que o time permanece feliz mesmo quando foi massacrado no "clássico" local.
- Quarta-feira passada perdemos de 15 a 1 no clássico aqui da região, mas ainda assim andamos como um time feliz em campo. Alguns jogadores do outro lado ainda discutiam entre eles e não aproveitavam (o jogo). O futebol não é sobre isso. Nós sempre apertamos as mãos dos jogadores do outro time.
Embora seja um time cristão, os jogadores não têm que necessariamente comungar da mesma fé para jogarem na equipe. É preciso apenas ter a mesma atitude de levar o futebol como um esporte.
- Você não precisa ser cristão para jogar aqui. Longe disso. Mas tem que jogar dentro da ética que estamos tentando criar aqui. E eu tenho tido muito apoio, mesmo depois que continuamos perdendo. Damos oportunidade a jogadores que sabemos que não foram abençoados com o talento, mas genuinamente amam o futebol - encerrou.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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