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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O futebol e o rock and roll

O Queen na sua apresentação no Rock in Rio de 1985: a banda fez o hino de todo título do futebol europeu - Arquivo

Futebol e rock sempre tiveram uma grande ligação e muitos roqueiros fazem questão de expor suas paixões. Nesta sexta-feira, dia em que começa o Rock in Rio aqui no Rio de Janeiro, o Planeta que Rola resolveu fazer uma lista de alguns roqueiros internacionais (e outros penetras que não são do meio) que de alguma forma tem uma ligação com o velho e violento esporte bretão.

A maioria dos músicos da nossa lista é de ingleses, claro. Afinal, é um país que gosta da música e também apaixonado por futebol. E se dentro de campo o time não vem bem, do lado de fora o Arsenal pode dizer que é uma potência roqueira digna de um Barcelona. O clube que pode se orgulhar de ser o time de futebol da rainha Elizabeth II poderia fazer um show inesquecível se quisesse reunir seus torcedores para uma jam session. São torcedores dos Gunners o vocalista do The Who, Roger DaltreyRoger Waters, ex-baixista do Pink Floyd, e David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd (como eles brigaram sendo torcedores do mesmo time?), o baixista do Deep Purple, Roger Glover, e o vocalista dos Sex Pistols, Johny Rotten. Os torcedores dos Gunners ainda colocam na sua longa lista de fãs famosos o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, embora ele seja mais visto em jogos da seleção inglesa do que de clubes e, dizem, goste mais de críquete do que de futebol. Jagger, no entanto, é um habitué de Copas do Mundo desde 1998, quando esteve presente na eliminação da Inglaterra para a Argentina. Em 2010, ele estava no estádio nas eliminações dos Estados Unidos e da Inglaterra, o que o fez ficar com fama de pé frio.

Daltrey e Waters têm forte ligação com o Arsenal. No jogo de despedida do estádio Highbury, em 2006, Daltrey cantou uma música chamada “Highbury Highs”, que tem uma letra que cita personalidades que se destacaram na história dos Gunners (Veja o vídeo com Daltrey cantando a música). Waters, por sua vez, já declarou que entre o final da década de 60 e meados da década de 70, ia a todos os jogos do Arsenal.

“Eu literalmente sonhava em jogar pelo Arsenal naqueles dias”, conta ele no livro “The dark sid of the moon – os bastidores da obra-prima do Pink Floyd”, escrito pelo jornalista John Harris.

Waters, aliás, diz em uma passagem da letra de “Money”: “Acho que comprarei um time de futebol para mim”. Será que daria certo se ele comprasse o Arsenal?


Kate Perry e sua lingerie com a marca do West Ham - Reprodução da internet

Naquela época, o Pink Floyd tinha um time que jogava as suas peladas da mesma forma que o Iron Maiden. A banda que já tocou em duas edições do Rock in Rio (1985 e 2001) é liderada por Steve Harris, um fanático torcedor do West Ham que não se cansa de exibir no seu baixo o escudo do clube que hoje está na segunda divisão inglesa. Harris chegou a integrar as categorias de base do clube, mas para alegria dos seus fãs resolveu seguir no caminho da música. Entre os outros integrantes da banda, o vocalista Bruce Dickinson não parece ser muito fã de um time, embora goste de futebol. Mas sua história mais curiosa foi quando em outubro do ano passado ele levou no seu avião o time do Liverpool para Nápoles para um jogo contra o Napoli pela Liga Europa (relembre a história). O guitarrista Janick Gears torce para o Newcastle, enquanto Adrian Smith é Manchester United e Dave Murray, Tottenham.

Atração desta sexta-feira no festival, a cantora pop Kate Perry também é torcedora do West Ham, como Harris. Ela já fez inclusive um ensaio usando uma lingerie com as cores e o escudo do clube.


Harris com o escudo do West Ham - Reprodução

Se Waters só vislumbrou a possibilidade de ser dono de um clube em “Money”, Elton John colocou tudo em prática e foi dono do seu clube de coração, o Watford, em dois períodos entre 1976 e 2002. Hoje presidente de honra do time, a atração principal desta sexta-feira no Rock in Rio teve sucesso como manda-chuva do Watford, tendo sido vice-campeão da FA Cup contra o Everton e vice-campeão inglês na temporada 1982-83, ano em que o Liverpool conquistou o título. (relembre a história do Watford)

Falando na dupla de Liverpool, aliás, todos sabem que os Beatles não eram muito fãs de futebol apesar de todas as especulações que já foram feitas e da presença de Albert Stubbins, atleta do Liverpool entre as décadas de 40 e 50, na capa de "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" (1967). A exceção é Paul McCartney, que já declarou diversas vezes gostar dos dois rivais da cidade, mas “se fosse disputado um jogo entre os dois, torceria para o Everton”. (Relembre as histórias de Paul McCartney com o futebol). Sir Paul gostava de ver o atual treinador dos Reds, Kenny Dalglish, jogar, mas na década de 60 quem tinha o apelido de quinto Beatle era o astro do Manchester United, George Best.

Não foi apenas Elton John que se aventurou como dirigente. O ex-vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant, é torcedor e vice-presidente do Wolverhampton. O cantor já declarou que a paixão pelo clube quase acabou com o seu casamento, mas o mais impressionante mesmo é que na década de 70, quando o Led Zeppellin era praticamente dono do mundo, não importa o que acontecesse, Plant sempre encontrava um jeito de ver o seu time jogar no estádio Molineaux.

- Não importa para onde eu viaje, me apresentando ao redor do planeta, invariavelmente há referências à minha obsessão pelos pretos e dourados (as cores dos Wolves). É um pouco como uma religião, mas eu não carrego crucifixo. Quando ganhamos a Copa da Liga Inglesa em 1974, levei três dias para ir de Wembley até a minha casa em Worcestershire – lembra o cantor, em entrevista recente na imprensa inglesa.

Seu parceiro de Zeppelin, o guitarrista Jimmy Page, é torcedor do Chelsea. Mesmo clube pelo qual torce Damon Albarn, do Blur e do Gorillaz. Albarn, aliás, talvez nem saiba, mas a torcida do St. Pauli, clube de futebol da segunda divisão da Alemanha, comemora os gols do time cantando o refrão de “Song 2”. Mas a entrada do clube no seu estádio é sempre ao som de uma banda que esteve aqui no Rock in Rio de 1985: o AC/DC. O St. Pauli tradicionamente entra em campo ao som do clássico “Hells Bells”. Na banda, no entanto, os irmãos Angus e Malcolm Young não são muito fãs de futebol. Quem gosta mesmo do esporte é o vocalista Brian Johnson, fanático pelo Newcastle. (Relembre a história do St. Pauli, um dos times mais alternativos da Alemanha)

No mundo do rock, há ainda bandas que torcem juntas como o Artic Monkeys pelo Sheffield Wednesday e o Kaiser Chiefs, que embora tenha o nome em homenagem ao time da África do Sul, torce mesmo para o Leeds United. A título de curiosidade, Eric Clapton, que se apresenta aqui uma semana depois do fim do Rock in Rio, é West Bromwich enquanto Ian Gillan, vocalista do Deep Purple, é Queens Park Rangers. O Manchester United também tem dois fãs de peso: o vocalista do Radiohead, Thom Yorke, e o baterista do Queen, Roger Taylor, são Red Devils. A grande contribuição do Queen para o futebol, no entanto, está na música que é hino de praticamente todos os títulos no futebol europeu. É da banda que emocionou a cidade no Rock in Rio de 1985 o famoso “We are the champions”.


Joss Stone é fã do Dover e do Liverpool - Arquivo
Uma das atrações do dia 29 no Rock in Rio, a cantora Joss Stone também gosta de futebol. Natural de Dover, na Inglaterra, ela é torcedora do Dover Athletic, pequeno time da sexta divisão inglesa, e do Liverpool. Em entrevista à imprensa inglesa no início do ano, a cantora de 24 anos revelou que quando adolescente era apaixonada pelo atacante Robbie Fowler.

- Eu comecei a acompanhar o Liverpool quando Fowler e Steve McManaman estavam no clube. Eu amava Robbie, mas ele foi para o Leeds e eu o odiei – disse ela, que hoje admira o meia Steven Gerrard, mas sem aquele fervor adolescente.

Atração principal do dia primeiro de outubro, o Coldplay também tem suas histórias com o futebol. O vocalista Chris Martin torce para o Exeter City, da terceira divisão. Já o guitarrista Johnny Buckland já declarou que abandonaria a banda para virar jogador do seu Tottenham.

- Eu queria estar numa banda desde os 11 anos, mas eu queria ser jogador de futebol desde os cinco. Mas ainda está em tempo – disse ele, esperançoso mesmo aos 34 anos.

Não podíamos deixar de citar neste post ainda a cantora Shakira. Mas o motivo não é o fato de ela ser namorada do zagueiro Piqué, do Barcelona. Tudo bem que cantora não é muito rock, mas a a atração principal do dia 30 de setembro no festival é, digamos, a cantora oficial das aberturas das Copas do Mundo. Esteve 2006, na Alemanha, cantou o seu waka-waka em 2010 na África do Sul e eu não me surpreenderia se a Fifa a convidasse para cantar no Maracanã em 2014.

Também não poderiam ficar de fora, os irmãos Gallagher. Noel e Liam, que se apresentaram com o Oasis na terceira edição do festival em 2001, brigaram, acabaram com a banda, mas não brigam (muito) quando o assunto é o Manchester City, time pelo qual torcem e sempre acompanham no estádio (mas em cabines separadas). Liam neste ano gravou até uma música para o site oficial dos Citizens na apresentação da nova camisa. (Veja o vídeo)

Uma das estrelas de 1985, Ozzy Osbourne é torcedor do Aston Villa e consegue se lembrar até de jogos antigos do clube (por incrível que pareça). Ele foi homenageado por fãs do Black Sabbath na Inglaterra, que criaram um time chamado Ozzy Powered Football Club, cuja história já contamos aqui no blog (relembre). Quem também tem time, mas de categorias de base, é o baixista e vocalista do Motorhead, Lemmy Kilmster, que toca aqui no domingo no dia do metal. O Greenback FC tem uma camisa preta que carrega o Snaggletooth, o símbolo da banda.

Abaixo, o Pink Floyd tocando "Money", o Queen e seu "We are the champions", o Iron Maiden no Rock in Rio de 2001 e o Motorhead tocando "Going to Brazil". É isso e bons shows para todos que vão acompanhar o festival.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)

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