Como a Fórmula 1 acabou nesta semana e já sabíamos que o campeão seria o inglês Lewis Hamilton (modéstia a parte, nossa bola de cristal é infalível), queríamos fazer uma homenagem ao piloto que se tornou o mais jovem campeão da história da Fórmula 1. Beneficiados que somos por um orçamento imune a crises econômicas, viajamos até a boa e velha Grã-Bretanha, onde o futebol nasceu, para, através de algumas consultas espirituais, sobrenaturais, encontrarmos um time novo para a nossa série.
Aconselhados por druidas, fomos até Stonehenge em busca de algo que nos indicasse o time desta semana. Finalmente, diante daquele monumento, presenciamos uma luz que apontava em direção a Hamilton, na Escócia. E é de lá, portanto, que vem o 21º time desconhecido da semana: o Hamilton Academical. E vocês achavam que a gente decidia essas coisas numa mesa de boteco hein.
Diante destas primeiras linhas, sabemos que os leitores mais cri-cris devem estar protestando. Dizendo coisas como: “mas o Hamilton, o piloto, é inglês”. Ora, inglês, escocês, que diferença tem? É tudo britânico mesmo.
Mas falemos sobre o lendário Hamilton. Fundado em 1874 – quando não existia carro, telefone e o Brasil ainda era um Império com escravos -, o alvirrubro escocês tem o “Academical” no nome porque foi criado pelo reitor e pelos alunos da Hamilton Academy, uma escola local. A equipe estreou nas ligas profissionais da Escócia em 1897 em substituição ao Renton, que desistira do futebol profissional após muitas dificuldades financeiras.
O time jogou no Douglas Park de 1888 até 1994, quando o estádio foi demolido para dar lugar a um supermercado. Mas a equipe não ficou sem casa. Hoje, ela joga no novíssimo New Douglas Park, fundado em 2001 e que tem capacidade para pouco mais de seis mil pagantes.
Nove anos depois de sua estréia, o Hamilton disputaria pela primeira vez a primeira divisão da Escócia. O curioso é que isso aconteceu dois anos depois de o clube ter faturado o título da segunda divisão, o primeiro de sua história. Mas a equipe fora impedida de disputar a divisão principal do país por causa de um bizarro sistema de voto secreto que havia na época. Ou seja, tinha que ganhar no campo e ainda ser popular entre seus pares para jogar na Série A.
Sempre na parte de baixo da tabela e sem muito brilho, o Hamilton disputou a divisão principal escocesa até 1947, quando foi novamente rebaixado. Desde então, o time sobe e desce de divisões – já esteve, inclusive, na terceirona escocesa – naquela gangorra típica dos times pequenos. Atualmente, mantendo a sua tradição, a equipe é forte candidata a ser novamente rebaixada, uma vez que ocupa a lanterna do Campeonato Escocês com apenas nove pontos em 11 jogos.
Se dentro de campo, as maiores glórias do Hamilton foram os títulos da segunda divisão em 1903-04, 1985-86, 1987-88 e 2007-08, fora dele, os Accies, como são conhecidos, podem se orgulhar de terem desafiado a Guerra Fria quando, em 1971, se tornaram o primeiro time do Reino Unido a contratar um jogador da antiga Cortina de Ferro. Os poloneses Roman Strazalkowski (meio-campo), Witold Szygula (goleiro) e Alfie Olek (atacante) trouxeram muita publicidade para a equipe. Dentro de campo, porém, o Hamilton acabou aquele campeonato da segunda divisão na lanterna.
Realmente, não se pode dizer que o Hamilton não se esforça para promover a união entre os povos. Se no século passado, eles trataram de dar um bico na briguinha sonolenta entre capitalistas e socialistas, nesta temporada o time resolveu abraçar a luta contra a discriminação racial ao posar para a campanha “Mostre o cartão vermelho para o racismo” (confere só neste link). Aliás, é bom de inglês? Então visite o site oficial do clube.
Bom, não temos mais nada a dizer. Aliás, só faltou uma coisa. Hamilton não vive apenas de seu clube agora não mais desconhecido. É também a terra da poetisa Joanna Baillie. Não conhece? Ora, não seja por isso, clique aqui e leia alguns poemas da moça. É cortesia da casa e do maravilhoso mundo da internet.
(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)
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