Stephanie Roche e o gol visto ao vivo por apenas 95 pessoas

Stephanie Roche (à direita na foto) está entre as finalistas do prêmio Puskas - Reprodução do Twitter

A atacante Stephanie Roche está vivendo um sonho acordada desde que foi selecionada entre os finalistas do prêmio Puskas de gol mais bonito do ano. Primeira mulher a aparecer na lista, a jogadora do Peamount United, da Irlanda, quase que não entra na disputa. Seu golaço só foi visto pelo mundo inteiro porque o técnico do Wexford, Eileen Gleeson, que enfrentava o Peamount, pediu que a partida fosse filmada. 

Somente por causa disso, Stephanie, de 25 anos, entrou na disputa e agora pode se tornar a primeira mulher a vencer o prêmio.

- É sempre um passo importante ver uma mulher nomeada para o prêmio Puskas, ainda mais quando é a primeira vez que se está entre as finalistas - disse Stephanie, em entrevista à TV "Sky Sports News". - Tudo foi muito rápido. Foi puro instinto - completou a jogadora ao comentar o gol.

O gol de Stephanie foi marcado no dia 20 de outubro do ano passado e era por uma partida do Campeonato Irlandês feminino. Foi o primeiro gol dela na temporada passada.

- Foi bom para todos nós aquele gol ter sido filmado. Deu um pouco de publicidade à liga feminina nacional (da Irlanda), assim como para as garotas que jogam futebol na Irlanda. Estou feliz por ter sido parte disso também - disse a jogadora depois que o vídeo com o gol se tornou viral na internet.

A disputa de Stephanie só é um pouco dura porque ela concorre com dois gols mais importantes marcados na Copa do Mundo, o do colombiano James Rodriguez contra o Uruguai, e o do holandês Van Persie contra a Espanha. E ao contrário de multidões do Maracanã e da Fonte Nova, onde foram marcados os gols dos seus concorrentes, o gol de Stephanie foi visto por apenas 95 testemunhas ao vivo. Embora milhões tenham visto o gol pela internet.

Mas a jogadora espera superar tudo e surpreender como foi uma surpresa chegar ao top-3. O prêmio Puskas é feito por uma eleição popular pela internet.

- Estou orgulhosa como mulher, mas também como jogadora de futebol por ser reconhecida neste nível (alto). E pela Fifa ver que foi um belo gol - afirmou.

Natural de Dublin, Stephanie sempre jogou no futebol irlandês. Ela começou a jogar bola como muitos jovens do Brasil: na rua. Nas ruas do bairro de Shankill, no subúrbio da capital irlandesa, ela disputava partidas contra meninos até que foi descoberta e levada para o Valeview FC. Em 2007, ela estreou no futebol adulto jogando pelo Stella Marris.

Stephanie (à direita na foto) quando recebeu um prêmio na Irlanda - Reprodução do Twitter

Após passar por Dundalk City e Raheny United, chegou ao Peamount em 2011, onde jogou por três temporadas. Ela não defende mais o clube pelo qual marcou o golaço que disputa o prêmio Puskas. Em julho, ela se mudou para a França para jogar profissionalmente pelo ASPTT Albi. O clube está na primeira divisão feminina do país.

No clube francês, Stephanie ganha um salário modesto para os padrões dos grandes craques internacionais, como o seu ídolo Cristiano Ronaldo. A jogadora recebe apenas € 800 (R$ 2.550). E ela não tem dúvidas de que o golaço na Irlanda a ajudou a deixar o país para novos voos.

- Com esse gol, eu despertei mais interesse. Eu fui vista e funcionou. Eu acho que o gol meio que ajudou, mas não acredito que foi o que me fez mudar (para a França).

Agora, Stephanie estará na festa de gala da Fifa. No dia 12 de janeiro, em Zurique, ela descobrirá se entrará definitivamente para a história como a primeira mulher vencedora do prêmio Puskas.

(Post originalmente publicado no blog Planeta que Rola)